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Atentado no Dia da Bastilha - 86 mortos |
UM ÓDIO SEM FIM
Um dos países mais desenvolvidos, prósperos e cultos do mundo tem sofrido nos últimos tempos com o extremismo jihadista do Estado Islâmico e da Al-Qaeda. Estarrecida, a comunidade mundial tem acompanhado pelos meios de comunicação cenas grotescas que deixam a céu aberto, o nível mais desumano do radicalismo e da intolerância religiosa. Quando se pensava que todo sangue inocente já havia sido derramado em solo francês em episódios como a Noite de São Bartolomeu, as investidas nazistas na Segunda Guerra ou na Era de Napoleão, o jihadismo fundamentalista deixou novo rastro avermelhado nas ruas e estabelecimentos de cidades francesas.
Desde a invasão à sede do semanário satírico Charlie Hebdo, em janeiro de 2015, conta-se nada menos que dez atentados realizados ou frustrados. Aliás, a sátira irresponsável do jornal francês à figura do "profeta" Maomé faz-nos questionar seriamente os limites da reclamada liberdade de expressão que a imprensa no seu todo defende. Será que liberdade significa mesmo não ter limites para se fazer tudo o que se pensa? E por outro lado, o cerceamento de representações intelectuais e produções artísticas irreverentes de temas religiosos significaria uma ditadura cultural?
Um dia depois da morte das 12 pessoas na invasão a sede do Charlie, Amedy Coulibaly matou um policial e feriu um agente municipal em Montrouge, ao sul de Paris. No dia seguinte, o mesmo Coulibaly fez reféns os clientes e funcionários de um supermercado judaico na capital matando quatro deles. Em novembro, veio o pior: atacantes suicidas mataram um total de 130 pessoas e deixaram mais de 350 feridos na casa de shows Bataclan e em vários bares e restaurantes do centro da capital. Houve também a explosão de uma bomba nos arredores do Stade de France, mais ao norte, em Saint-Denis, onde a seleção francesa jogava uma partida amistosa contra a Alemanha. A maioria das vítimas era jovem. O Estado Islâmico reivindicou os atentados. A mesma organização jihadista reivindicou o mais recente ataque em 14 de julho do ano passado, em Nice, no Dia da Bastilha, no qual 86 pessoas morreram atropeladas por um caminhão dirigido por um franco-tunisiano de 31 anos.
Indignados e perplexos com tanta violência e ódio sem fim, muitos não entendem o porquê desse extremismo religioso, no qual um grupo minoritário de uma grande religião tenta impor a força a sua ideologia radical de islamizar o mundo. Para se entender tudo isso na íntegra, precisa-se saber resumidamente o que são os grupos extremistas como EI. Por que eles agem assim? O que defendem? Qual a sua origem e representatividade no islã? Por que a França tem sido alvo constante de ataques terroristas? O que tem a ver esse país supostamente cristão com o islamismo? É isso que pretendemos abordar neste artigo, no intuito de não somente informar, mas conscientizar as pessoas a cerca da ameaça cada vez maior do fundamentalismo islâmico.
Fonte de Autoridade A Bíblia
A Bíblia Tem-na como única regra
Deus Iavé ou Jeová
O caráter de Deus Santo, justo e amoroso
Relacionamento com Deus Servem-no por amor
A Trindade cristã Uma verdade fundamental
Constituição da Trindade Pai, Filho e Espírito Santo
Jesus Cristo O Filho eterno de Deus
O Espírito Santo A 3ª Pessoa da Trindade
O sacrifício de Cristo Fato central da fé cristã
A ressurreição de Cristo Pilar da esperança cristã
O Céu ou Paraíso Lugar de prazer espiritual
Quem merecerá o céu Somente os regenerados
Quem merecerá o inferno Os incrédulos e impenitentes
O Corão Um livro humano (2)
Alá Um deus tribal pré-islâmico (3)
Maomé Um falso profeta entre tantos
Tolerância religiosa Plena
Relação com Israel Amistosa e de respeito
(1) Os muçulmanos assim entendem a Trindade cristã, sem representar contudo a sua crença.
(2) Segundo os estudiosos do islamismo, muitos conceitos do Corão já existiam antes de Maomé fundar sua religião. O fato de citar personagens bíblicos como Adão, Abraão, Jesus e certos conceitos judaico-cristãos, indicaria que o livro sagrado do islamismo não é original, ainda que os muçulmanos afirmem que a suposta revelação dada a Maomé por Alá sela o clímax e o ponto final da manifestação divina à humanidade.
(3) Alá já existia na Arábia antes do islamismo e era adorado como o deus-lua.
(4) Os sunitas, que constituem cerca de 80% dos muçulmanos no mundo, são mais moderados, mas mesmo nos países onde prevalecem (como a própria Arábia Saudita), não há liberdade de propagar outras religiões.
Indignados e perplexos com tanta violência e ódio sem fim, muitos não entendem o porquê desse extremismo religioso, no qual um grupo minoritário de uma grande religião tenta impor a força a sua ideologia radical de islamizar o mundo. Para se entender tudo isso na íntegra, precisa-se saber resumidamente o que são os grupos extremistas como EI. Por que eles agem assim? O que defendem? Qual a sua origem e representatividade no islã? Por que a França tem sido alvo constante de ataques terroristas? O que tem a ver esse país supostamente cristão com o islamismo? É isso que pretendemos abordar neste artigo, no intuito de não somente informar, mas conscientizar as pessoas a cerca da ameaça cada vez maior do fundamentalismo islâmico.
A origem ideológica dos grupos terroristas
O radicalismo islâmico tem sua fonte ideológica na chamada jihad, ou "guerra santa". A belicosidade dessa religião tem a sua explicação histórica pelo fato dos califas sucessores de Mohamed (Maomé), o seu fundador, terem levado ao pé da letra o significado original de "islã", que no princípio tinha uma conotação belicosa e não a atual de "submissão". Maomé iniciou a propagação oral da chahada, ou confissão de fé, mas foi rejeitado pelos chefes tribais de Meca. Em árabe, ela diz "La illah illa Alah; Muhammad rasul Alah" ou "Não há Deus senão Alá; Maomé é o mensageiro de Alah". A Arábia do século VII d.C., especialmente a região de Meca, onde o profeta muçulmano nasceu por volta de 570, era politeísta e havia muita corrupção moral, social e política entre os chefes coraixitas - tribo da qual Maomé descendia. Tudo isso descontentava a Maomé, mas especialmente o politeísmo idólatra indignava-lhe tendo ele recebido clara influência do monoteísmo judaico-cristão. Após 13 anos de perseguição, Maomé foi obrigado a fugir apara Iatrib, ao norte, cidade que veio a se chamar Medina. Esse acontecimento é conhecido no islã como hégira ou emigração e marca o ponto de partida do calendário islâmico.
No ano 630, Maomé voltou para conquistar Meca e governá-la, mas, curiosamente sem pegar em armas e sem derramar o sangue de seus algozes. O "profeta" acabou parcialmente com o politeísmo e o animismo idólatra de sua cidade. Digo parcialmente, pois conservou a Caaba, o edifício em forma de cubo, todo negro, que é o principal ponto de peregrinação a Meca - muito provavelmente a maior procissão religiosa do mundo, maior até que o Círio de Nazaré, em Belém do Pará. Com o tempo a jihad foi registrada nas páginas do Corão ou Alcorão, o livro sagrado do islamismo. Ao princípio, todos os muçulmanos de acordo com Martin (1977) craim ser obrigação "sagrada" matar todos aqueles que não abraçassem a "verdadeira fé", a fé islâmica. Por sua interpretação mais moderada do Corão, os sunitas não adotam esse unilateralismo. Foi com base na guerra santa e principalmente sob o manto do Império Otomano, que o islã conquistou a maior parte do Oriente Médio, o norte da África, parte da Ásia Central e da Península Ibérica se transformando na 2ª maior religião do planeta, com 1 bilhão e 600 mil seguidores.
O ramo xiita do islamismo - donde vêm os grupos terroristas - levam a cabo essa "missão sagrada" de impor a crença em Alá. O grande problema é que (pelo menos confessionalmente) 2 bilhões e 200 mil pessoas se declaram cristãs no mundo, o país mais poderoso política, econômica e culturalmente do planeta é cristão, os EUA, e o local da Terra mais requerido pelos muçulmanos está em disputa com Israel: Jerusalém e a Palestina. Resultado: os alvos de maior ódio do fundamentalismo islâmico são os cristãos, os americanos e os judeus. Por que então a França tem sido alvo constante do terrorismo nos últimos dezenove meses (escrevi originalmente em julho de 2016)? Porque ela é cristã? Não necessariamente como veremos a seguir.
O neocolonialismo francês, a porta de entrada para o ódio muçulmano
Certamente muitos se lembram de Zinedine Zidane, o camisa 10 da seleção francesa que acabou com o sonho do penta na Copa de 1998. Pois é, o hoje técnico do Real Madrid não é genuinamente francês. É filho de imigrantes argelinos que foram para a França. A Argélia (como a Tunísia e o Marrocos) foi colônia francesa no norte da África, nos séculos XIX e XX. O que esses países têm em comum além da língua árabe é o fato de serem muçulmanos. Infelizmente, nem todos os imigrantes que vão ou foram para a França desejam ser jogadores de futebol ou outra profissão qualquer. No passado, seus ascendentes tiveram a sua pátria invadida e explorada política e economicamente na corrida desenfreada das potências europeias, o chamado Neocolonialismo. Houve naturalmente uma permuta populacional e cultural entre Metrópole e Colônia. Ao princípio, mais numa via única: a de franceses indo para a África. A partir da segunda metade do século XX foram argelinos, marroquinos e tunisianos que imigraram para ex-metrópole. Em estimativa não oficial de 2014, levanta-se que há 6,5 milhões de muçulmanos vivendo na França, o que corresponde a 10% da população de 66 milhões. Fala-se mesmo em islamização da sociedade francesa, pois até grandes redes de supermercados como o Carrefour vendem livros que pregam abertamente a jihad e o assassinato de "infiéis" (os não-muçulmanos).
Grande parte dessa massa muçulmana foi constituir guetos, herdando o desemprego, o subemprego e a marginalização. Estima-se que 60% da população carcerária da França, ou 40 mil detentos, são "cultural ou originariamente" muçulmanos. Isso resulta em lastro generalizado de discriminação e xenofobia por parte dos franceses nativos. Assim sendo, pode-se dizer que o passado colonialista e imperial francês, com sua prepotência, arrogância e egoísmo têm sua parte significativa nesse caos social e humanitário que vemos hoje na terra da cultura e do requinte. Desde a proibição do uso do véu e da burca por mulheres muçulmanas em lugares públicos, ainda no governo de Jacques Chirac, em 2004, criaram-se vários barris de pólvora prontos a explodir a qualquer momento. A já natural predisposição do imigrante muçulmano à guerra santa é corroborada pela sua revolta contra as vexações por que passam em território francês. É claro que isso não justifica o fundamentalismo jihadista, mas aí é que entra em ação o aliciamento do EI, principalmente entre os mais jovens. Isto a organização terrorista tem feito em várias partes do mundo (até no Brasil e no Pará) por meio das redes sociais. Contudo, a França é mesmo o grande alvo do EI e outras possíveis explicações passaremos a ver agora.
Outras possíveis razões do alvo extremista do E.I.
Segundo o porta-voz do EI, Abu Mohamed Al-Adnani "Bata com uma pedra na cabeça, ou mate com uma faca, ou atropele com seu carro, ou empurre de um lugar alto, ou asfixie, ou envenene" são ações perfeitamente justificáveis na causa de Alá. O extremismo islâmico não mede crueldade quando o assunto é executar "os descrentes ocidentais", especialmente "os sujos e desprezíveis franceses". Quem já teve coragem de ver a execução de cerca de 30 cristãos (entre eles vários pastores) numa praia da Líbia, sabe do que estamos falando. Entretanto, o ódio aos franceses pelo EI é especulado em várias frentes. Uma delas fala do envolvimento francês na coalizão contra os jihadistas no Oriente Médio. Outra conjectura como causa a investida contra os valores do Iluminismo do século XVIII, os quais são contrários à visão totalitária de mundo dos jihadistas. Outra análise vê no fato da França ser o lugar da Revolução de 1789 e da origem ideológica do Século das Luzes outra razão do extremismo anti-francês. Devido a isso, os franceses são apegados a valores republicanos e ao laicismo, algo totalmente contrário ao islã radical. Segundo os estudiosos, o EI tenta fazer com que a população muçulmana seja cada vez mais estigmatizada na França e acabe abraçando o fundamentalismo islâmico. Isso resultaria numa guerra civil, segundo o cientista político Gilles Kepel, em entrevista ao Le Monde. Além do já citado passado colonial francês de exploração e subjugação a povos muçulmanos, a França assinou com o Reino Unido o acordo Sykes-Picot, que em 1916 desmantelou o Império Otomano resultando em diferentes países com fronteiras artificiais (ex: Síria-Iraque). Assim, mesmo lamentando profundamente as centenas de vidas perdidas nesses últimos tempos, a França está pagando a conta de sua desmesura política e de prepotência imperial, que, junto a outras nações, retalhou e devastou diversas regiões da África e da Ásia a custo de sede de poder e influência sobre os países mais pobres e subdesenvolvidos. Ganância, aliás, que foi basicamente a causa das duas Grandes Guerras Mundiais.
Uma radiografia bíblico-teológica do jihadismo
Muitos de forma irrefletida e superficial imaginam que Alá, o deus do islamismo, é o mesmo Deus de judeus e cristãos pelo simples fato dessa religião ser monoteísta, além de afirmar ser a cumulação da tradição judaico-cristã. Há, no entanto, diferenças substanciais no âmbito teológico e doutrinário que não endossam essa afirmação pluralista e inclusivista. Vejamos as mais importantes abaixo:
TEMA CRENÇA MUÇULMANA
Fonte de Autoridade O Corão
A Bíblia Rejeitam-na
Deus Alá
O caráter de Deus Caprichoso e vingativo
Relacionamento com Deus Submetem-se por medo
A Trindade cristã Um pecado imperdoável
Constituição da Trindade Alá, Jesus e Maria (1)
Jesus Cristo Um profeta histórico
O Espírito Santo O anjo Gabriel
O sacrifício de Cristo Uma lenda cristã
A ressurreição de Cristo Jamais ocorreu
O Céu ou Paraíso Um lugar de prazer sexual
Quem merecerá o céu Somente os muçulmanos
Quem merecerá o inferno Todos os não-muçulmanos
O Corão O livro sagrado do islã
Alá O único deus
Maomé O mensageiro de Alá
Tolerância religiosa Nenhuma entre os xiitas (4)
Relação com Israel De ódio e repulsa
TEMA CRENÇA CRISTÃ Fonte de Autoridade A Bíblia
A Bíblia Tem-na como única regra
Deus Iavé ou Jeová
O caráter de Deus Santo, justo e amoroso
Relacionamento com Deus Servem-no por amor
A Trindade cristã Uma verdade fundamental
Constituição da Trindade Pai, Filho e Espírito Santo
Jesus Cristo O Filho eterno de Deus
O Espírito Santo A 3ª Pessoa da Trindade
O sacrifício de Cristo Fato central da fé cristã
A ressurreição de Cristo Pilar da esperança cristã
O Céu ou Paraíso Lugar de prazer espiritual
Quem merecerá o céu Somente os regenerados
Quem merecerá o inferno Os incrédulos e impenitentes
O Corão Um livro humano (2)
Alá Um deus tribal pré-islâmico (3)
Maomé Um falso profeta entre tantos
Tolerância religiosa Plena
Relação com Israel Amistosa e de respeito
(1) Os muçulmanos assim entendem a Trindade cristã, sem representar contudo a sua crença.
(2) Segundo os estudiosos do islamismo, muitos conceitos do Corão já existiam antes de Maomé fundar sua religião. O fato de citar personagens bíblicos como Adão, Abraão, Jesus e certos conceitos judaico-cristãos, indicaria que o livro sagrado do islamismo não é original, ainda que os muçulmanos afirmem que a suposta revelação dada a Maomé por Alá sela o clímax e o ponto final da manifestação divina à humanidade.
(3) Alá já existia na Arábia antes do islamismo e era adorado como o deus-lua.
(4) Os sunitas, que constituem cerca de 80% dos muçulmanos no mundo, são mais moderados, mas mesmo nos países onde prevalecem (como a própria Arábia Saudita), não há liberdade de propagar outras religiões.
Bibliografia
MARTIN, Valter. O Império das Seitas. Belo Horizonte: Betânia, 1992. v. 2. 127 p.
MENEZES, Aldo. Islamismo. Sola Scriptura blog [S.I.; s.d.]. Disponível em: <http://solascriptura-tt.org/seitas/islamismo-Aldo Menezes.htm>Acesso em: 20 jan. 2016.
O Homem em Busca de Deus. Cesário Lange, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1990. 372 p.
Rafik Responde ao Islã blog. [S.I.: s.d.]. Disponível em: http://rafikresponde.blogspot.com. Acesso em: 20 jan. 2016.