08 setembro 2017

SOBRE HEBREUS 1.3 (RESPOSTA À PÁGINA TJ " O PUBLICADOR DO REINO"


"O Publicador do Reino", aceitei seu desafio de refutar seus argumentos sobre Hb 1.3, o qual diz na nova TNM: "Ele é o reflexo da glória de Deus e a representação exata do seu ser...".
Já na ARC, lemos:
"O qual sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa...".
Em primeiro lugar, custa-me crer que a STV (Sociedade Torre de Vigia), nascida dezessete séculos depois da gênese do cristianismo possa "reinventar a roda", ou seja, reinterpretar (a sua conveniência) a exegese bíblica. O verdadeiro pai das TJs, Russell, nunca teve formação teológica e essa característica foi herdada por todos os integrantes de sua horda - a elite dirigente do Brooklyn - de todas as épocas até hoje. Assim sendo, a pose de erudição da STV não passa de propaganda enganosa e o que ela tem feito em toda a sua trajetória é citar pseudos-eruditos como Benjamin Wilson (de quem adquiriu o Emphatic Diaglott) e Johannes Greber ou citar fora-de-contexto eruditos de fato como o Dr. William Barcley, J.R. Mantey ou J.H. Thayer. E assim a STV vai forjando a sua imagem de pesudo-erudição a fim de manter cativas a si a mente incauta de seus adeptos.
Bom, PR, você se ufana por nada menos de seis vezes dizendo que seu argumento é "irrefutável" e desafia a qualquer trinitário a fazê-lo com base no vídeo e no raciocínio lógico. Não se preocupe, vou refutá-lo como você deseja, com base na lógica e no argumento ontológico. Porém, aí está uma causa básica da derrocada ariana da STV e de sua teologia rota: querer compreender racionalmente a natureza essencial de Deus (Jó 36.26; 37.23; Is 55.9) como se pudéssemos ensinar a lei da gravitação universal a um mosquito... O próprio salmista estupefato com a onisciência e a onipresença de Deus, declara:
"Tal conhecimento está além da minha compreensão. É tão elevado que não posso alcançá-lo" (Sl 139.6/nova TNM).
Pergunto: o fato da onipresença e principalmente da eternidade de Deus (Sl 90.2) é plenamente concebível aos processos metafísicos da nossa razão? Ainda que treinada durante toda a nossa vida, nossa mente concebe totalmente o fato de um Ser não ter começo e nada vir antes dEle? Pare agora e comece a pensar nisso. Chega a ser angustiante. É como a agulha de um velho toca-discos que chega ao ponto aonde o vinil está arranhado e volta. Vai e volta...
Isso acontece porque nossa mente só consegue prescrutar o finito. Essa incapacidade de compreendermos totalmente o Eterno indica que devamos rejeitar a eternidade de Deus ou aceitá-la pela fé ? (Hb 11.1,6). Por que então o argumento lógico vale para rejeitar a Trindade e não vale para rejeitar os atributos incomunicáveis de Jeová?
Hebreus 1.3 prova sim a co-divindade de Cristo com o Pai
Provavelmente a anônima epístola (na verdade, um verdadeiro tratado teológico) aos hebreus seja o 2º livro do NT que mais deixe claro a plena divindade de Jesus só perdendo para o evangelho de João. De fato, a sentença "expressa imagem" vem do grego character que quer dizer numa primeira acepção "uma imagem cunhada numa moeda a partir de uma matriz", ou seja, uma impressão. Você cita o minidicionário Strong enfatizando a 4ª acepção "cópia exata" daí sustentando que sendo Jesus uma "cópia" do Pai, Ele não pode ser coeterno com Este visto que a cópia vem sempre depois da original e que Jesus é cópia do Pai, mas não o Pai a cópia do Filho e blá-blá-blá...
Entretanto, (mesmo que esse argumento seja vago e até certo ponto sacrílego para exemplificar a relação das Pessoas na Divindade trina) o que estabelece a importância e utilidade de uma cópia, por exemplo, dum impresso gráfico: o papel ou o conteúdo copiado? As milhares de literaturas da STV são originais ou cópias produzidas a partir de uma matriz? Têm elas menos valor porque não são as originais? O que importa não é se o conteúdo contendo a ideia original foi fidedignamente copiado? O que ouvimos num CD não é a cópia exata do registro de uma gravação numa matriz?
Pois o fato de Cristo ser uma "cópia exata" do Pai não O reduz a uma criatura nem a um Ser que traz consigo apenas "qualidade divina". Character fala de essência transmitida. O filho que possui o caráter de seu pai não é apenas parecido com ele, mas traz a mesma essência de seu pai. E é isto que o autor de Hebreus quer destacar: Jesus possui a natureza do Pai. Por isso, Cristo não é criatura, pois sendo da mesma essência divina não teve começo. Isto é: sempre coexistiu no Ser do Pai. Em outras palavras, Cristo foi gerado (não criado) na eternidade pelo Pai. Uma semente de trigo possui entre outros componentes Fósforo, Potássio, Cálcio, Manganês, Ferro, Cobre e Zinco e irá caracterizar toda espiga num campo de plantação da gramínea.
Como por você citado - mas pra variar, dentro de uma cadeia semântica ariana - Jesus é o Unigênito do Pai (Jo 1.18). A expressão monogenes significa no texto original grego "único do tipo ou gênero". Cristo é o único Filho literal de Deus, pois foi gerado diretamente pelo Pai. Ora, no exemplo acima vimos que os elementos essenciais da semente do trigo são transmitidos a toda espiga. Se Cristo procede do Pai, sendo que é o único do gênero, Ele é concomitantemente Deus com o Pai (Jo 1.1). Uma semente de trigo não faz crescer uma espiga de milho...
Se algo ou alguém procede literalmente de Deus que é eterno, logo é coeterno com Ele como um mais um são dois. Isso sim é argumento lógico! Vocês testemunhas de Ário costumam citar (fora-de-contexto, é claro) Pv 8.22-31 numa falsa concordância hermenêutica com 1 Co 1.24 para ladrar que Cristo é uma criatura, pois figurativamente a Sabedoria no livro de Provérbios é (ou pode ser) Cristo. Agora pergunto: poderia haver a possibilidade de, em alguma era na eternidade, Jeová estar sem a Sua sabedoria? Ou a Sua sabedoria é coeterna com Ele?...
Há o fato adicional de que Cristo é não somente a "expressa imagem" do Ser divino em forma humana (Jo 1.14,18; 14.9; Fp 2.6-8), mas o "reflexo da glória de Deus". "Reflexo" no grego é apaúgasma indicando que Jesus resplandece com o reflexo da própria "glória" do Pai. Desse modo, em Jesus a natureza essencial do Pai é revelada literalmente como um espelho solar reflete o brilho do sol e pode produzir energia. Não como a lua que apenas é iluminada pelo sol em sua metade e não é capaz de refleti-la na Terra para proveitos energéticos. Preciso dizer mais alguma coisa?...
Para encerrar, citar a Bíblia NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) como você fez não é uma boa alternativa para quem deseja demonstrar erudição. Entre no link a seguir e veja o porquê: http://respostaasseitas.blogspot.com.br/2017/06/a-origem-erudita-da-traducao-do-novo.html 
Meu caro desavisado que se esconde por detrás dessa página russellita (como os articulistas das literaturas TJs ocultam seus nomes por medo de alguém investigar as suas "credenciais acadêmicas"), continue regurgitando do interior  do seu ser essas asneiras teológicas aprendidas com a Torre de Vigia. É um direito seu. Saiba, porém, que a verdadeira Igreja (não organização) de Jesus está na Terra de prontidão para refutar seus desvarios e somente as mentes ignaras poderão lhes dar ouvido e crédito.
"E sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para podermos obter conhecimento daquele que é verdadeiro. E nós estamos em união com aquele ["em união com aquele" não existe nos originais] que é verdadeiro, por intermédio do seu Filho, Jesus Cristo. Esse [a tradução correta é "este"] é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5.20/nova TNM, Ênfase e colchetes por mim acrescentados).               

02 setembro 2017

AZERÁ, A DEUSA MÃE, JUSTIFICA O POLITEÍSMO MÓRMON? (Resposta a Marcelo Moreira da Silva)


Meu caro xará, que o Deus triúno de infinita bondade e misericórdia, que é Deus eternamente (Sl 90.2) e não divide a Sua glória com ninguém (Is 42.8) Se revele a você - nem que seja no crepúsculo de sua vida. Como já lhe falei, há 26 anos deixei o mormonismo e o fato de ter conhecido as doutrinas distintivas desse grupo e a comparação com a ortodoxia cristã despertou em mim o desejo de me aprofundar na apologética cristã. Não me tornei apologista para simplesmente afrontar o mormonismo - embora tenha de fato precisado muito disso logo de imediato devido à insistência e presunção dos missionários mórmons. Era praticamente uma inquisição pelo fato de, com o meu testemunho, o Espírito Santo (Jo 16.8) ter resgatado alguns membros de lá. O chamado à apologética cristã tem na Bíblia o seu fundamento (1 Pe 3.15; Jd 3b) e quando se trata de defender a Verdade não se tem como alvo este ou aquele grupo, mas todos os grupos heterodoxos que não só se opõem ao cristianismo ortodoxo, mas reinterpretam a própria Bíblia forjando a história para inserir a sua pretensa exclusividade antagônica.
Nesses anos todos tenho visto os mais absurdos sofismas, mas o pior é a desonestidade intelectual que grupos como as testemunhas de Jeová, por exemplo, lançam mão para manter seus adeptos psicologicamente e socialmente escravizados à elite dirigente.
Esse pode não ser exatamente o seu caso, mas ainda assim, surpreende-me o fato de seu muito bom nível de instrução não o deixar perceber o absurdo grotesco das referências que usa para advogar a causa mórmon da "Mãe Celestial". Fico pensando se realmente os mórmons mais esclarecidos como você se levam realmente a sério ou nutrem o mínimo de autorrespeito ao anularem suas liberdades individuais de não raciocinarem fora das afirmações doutrinárias que lhe são impostas. A sua citação ao historiador e antropólogo húngaro-judeu Raphael Patai e à escritora metodista Margaret Barker é um acinte ao bom senso. Aliás, a obscura doutrina da "Mãe Celestial" ultrapassa inclusive o limite do absurdo. Ela é uma verdadeira carnificina teológica, indigna até mesmo da afirmação do mormonismo em ser "o autêntico cristianismo".

Você em uma de suas mensagens diz "você ficará surpreso ao ver referências a Asherah em sua própria Bíblia".
Ora, amado, há mais de duas décadas e meia estudo a área de heresiologia, tenho 50 anos e, portanto, não tenho conhecimento superficial dessa disciplina e muito menos da Bíblia. O que me deixa estupefato e não exatamente surpreso é alguém bem instruído beber tão facilmente - como disse num de nossos diálogos - em fontes envenenadas para 'provar' algo que a meritocracia cristã já autodesqualifica automaticamente. Mas isso é uma característica comum a todo grupo religioso heterodoxo: justificar um erro com outro erro. Parece até que a máxima de Maquiavel "os fins justificam os meios" cabe bem a todos eles. Mas vamos ao que realmente interessa!
A Bíblia fala de Azerá, mas referenda o seu culto?
Segundo Hestrin (1991), Azerá é citada cerca de 40 vezes no Antigo Testamento. Muito provavelmente a primeira referência à deusa cananeia da fertilidade está em Dt 16.21,22. A Almeida Revista e Corrigida (ARC) traduz a expressão por "bosque de árvores", já a Almeida Revista e Atualizada (ARA) traz o termo "poste-ídolo", a Edição Pastoral católica "poste sagrado". Há muito que se sabe que esses postes-ídolos são a representação de Azerá. Isso significa que o culto a essa divindade feminina, consorte de Baal, é extremamente antigo. Vários pesquisadores, entre eles Mary Schultze, apontam a origem desse culto pagão às lendas que se desenvolveram em torno da morte do personagem bíblico Ninrode, o primeiro homem a construir uma civilização antiteocêntrica tendo ele mesmo como líder (Gn 10.8-11; 11.1-9).
De acordo com uma dessas lendas descritas na Enciclopédia Britânica, Ninrode morreu quando sua esposa e mãe, Semíramis estava grávida dele. Seus súditos-adoradores criaram a lenda de que ele havia se tornado o deus-sol, o senhor do universo. Em vida o despotismo de Ninrode não tinha limites, tanto que se casou com sua própria mãe. Esta deu à luz a Tamuz - este veio a ser adorado posteriormente como Moloque pelos amonitas (Lv 20.1-5) - insinuando sua mãe ser ele a reencarnação de Ninrode.
Segundo ainda mais especificamente a EB, Tamuz foi morto por um porco ou javali selvagem quando ainda moço. Semíramis e suas mulheres serviçais o choraram e jejuaram por ele durante 40 dias até que ele foi trazido de volta à vida. Isso teria sido uma demonstração do poder de sua mãe de tê-lo trazido de volta à vida. Ela então veio a ser adorada com o título de "rainha dos céus" por ser a esposa do deus-sol (mais tarde, Baal que quer dizer "meu senhor"). A crença pagã na "rainha dos céus" se espalhou a vários povos, com diferentes nomes. Chegou a Canaã sob o título de Azerá, mas entre os fenícios era conhecida como Astarte (Ashtar) ou Asterote. Grandes navegadores, o fenícios difundiram essa crença pelo mundo antigo.
Foi contra este culto idólatra que o profeta Jeremias protestou vigorosamente (Jr 7.18; 44.15-19, 23,25) pouco antes do cativeiro de Judá. Este culto chegou às culturas clássicas da Grécia e de Roma como Cibele e seu filho Deoius, base original do culto católico-romano à Virgem Maria. O fato de Jeremias se opor a ele é prova por si só que não se trata de revelação divina e que jamais a Bíblia o referendou. Então por que o mormonismo o cita para fundamentar a sua esdrúxula crença na "Mãe Celestial"? Teriam as descobertas arqueológicas de Raphael Patai e os escritos de Margaret Barker mais autoridade do que a Palavra de Deus para dizer que os mórmons têm razão em defenderem a sua crença supra-pagã?
O fermento enrustido do racionalismo e do liberalismo teológico na teologia
Não é preciso ser doutor, meu caro Marcelo, basta ter pelo menos o ensino fundamental completo, para se saber que a partir da segunda metade do século XIX, o racionalismo tendo o homem como a medida de todas as coisas (antropocentrismo) e não mais Deus, começou uma empreitada de explicar a origem de todas as coisas sem o apoio da revelação divina. Esta seria ultrapassada, a causa do atraso científico na Idade Média, fruto da ignorância e da superstição religiosa, segundo seus proponentes. Partindo dessa premissa ateia, começou-se a tentar expurgar da Bíblia toda referência ao sobrenatural. Tendo como paradigma investigativo o evolucionismo de Darwin, a Palavra de Deus passou a ser encarada apenas como um livro humano com algum valor histórico, mas enxertada com mitos e lendas religiosas usadas para referendar algum domínio espiritual ou social sobre os homens.
Enquanto estou escrevendo agora fico me autoquestionando por que estou perdendo tempo com essa baboseira da "Mãe Celestial", se a própria Bíblia se encarrega de refutá-la como crença eminentemente pagã. Mas talvez porque mórmons não conhecem-na e você no alto de sua estultícia me desafiou dizendo que eu me surpreenderia com as referências bíblicas sobre ela.
Bom, meu caro, essa mesma linha de raciocínio do racionalismo diz entre outras coisas que o relato do Gênesis não passa de uma lenda nacional de Israel, não-original e inspirada em outras lendas correlatas de outros povos. A própria crença em Iavé (ou Jeová) no AT é reinterpretada como um produto do IX século a.C. promovida para fundamentar a preponderância de um deus masculino e assim substanciar o patriarcalismo hebreu. Nesse caso, interpreta-se que Iavé era apenas um Deus nacional antes co-adorado como El ao lado de sua consorte Azerá.
Em linhas gerais, esse é o mesmo argumento de Raphael Patai, que embora judeu, era um apóstata e racionalista moderno. Ora, os achados arqueológicos de objetos que fazem referência à Azerá não provam que supostos "redatores finais" do AT tendenciavam suprimir o culto a uma deidade feminina para promover o culto exclusivo a Iavé. Antes provam a coerência da Bíblia com a História e a arqueologia. Agora, eu posso achar uma bagana de cigarro no pátio de minha casa suja de sangue e dizer que a pessoa que o fumou cortou a boca. Se eu for incoerente, taxativo e inflexível querendo endeusar a minha tese, procurarei obcecadamente provar a todos que o fumante cortou-se na boca. Mas, e se o foi nos dedos???...
Dados, meu amado, podem ser manipulados ao sabor daquilo que se intenta transmitir como informação - nesse caso de Patai, desinformação. E qual é o peso disso para quem é incauto? O peso intelectual. Patai era antropólogo e o pior: era judeu. Mas assim é o mito do evolucionismo também. Pseudo-cientistas PHDs em genética, arqueologia, paleontologia exercitando uma verdadeira "fé" numa seita ateísta - travestida de ciência - tentando reconstruir a tal da estória dos elos evolutivos do homem através de um dente de uma espécie de porcos extinta...
Isso não é ciência. É manipulação e desonestidade intelectual. As mesmas que levaram Patai a escrever A Deusa Hebraica. Aliás, Patai escreveu também (em coautoria com Robert Graves) Mitos Hebraicos: O Livro de Gênesis, de 1983. Destarte, Patai era judeu por herança, mas tudo menos religiosamente ortodoxo. E a vossa magnânima pusilanimidade sectária, Marcelo, com as garras de um leão faminto e sedento foi deglutir. Nada mais natural, porém, em se tratando de um mórmon.
Já Margaret Barker (que você intitula "evangélica", na verdade ela é metodista, uma igreja herdeira do protestantismo histórico), de corrente teológica liberal alucinógena, inventou a Teologia do Templo, uma tese que resumidamente vê no ritualismo judaico do Templo elementos místicos com tendência ao gnosticismo. Nada ortodoxo, não? Suas fontes além do AT hebraico, a Septuaginta, os pergaminhos do Mar Morto e o NT grego são os apócrifos judaicos e cristãos, os pseudepígrafos e, claro, os textos gnósticos. Mas como o mormonismo gosta de misturar as coisas (é um absurdo sincretismo de sacerdotalismo judaico, paganismo, kardecismo, maçonaria e elementos da Nova Era, etc.,embrulhados na terminologia cristã) suas teses devem bem servir para você. A propósito, o livro dela citado por você, A Mãe do Senhor, procura traçar a origem da mariolatria católica nas fontes do paganismo. Se o conceito de uma Deusa Mãe é claramente uma crença enraizadamente pagã (mesmo que Barker queira dizer que algum dia os judeus a tenham encarado como ortodoxa), naturalmente não é cristã e por fim, está descrita na Bíblia como o incesto, o adultério, a fornicação e a poligamia, mas não é doutrina bíblica.
"Mas temo que, assim como serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis" (2 Co 11.3,4).                     

18 agosto 2017

A Adoração da [Grande Deusa] Mãe [Pagã] e do Filho

UM DOS EXEMPLOS MAIS destacados de como o paganismo babilônico tem continuado até nossos dias pode ser visto na maneira como a igreja romanista inventou a adoração a Maria para substituir a antiga adoração à deusa-mãe.

A história da mãe e do filho foi largamente conhecida na antiga Babilônia e desenvolveu-se até ser uma adoração estabelecida. Numerosos monumentos da Babilônia mostram a deusa-mãe Semíramis com seu filho Tamuz nos braços (1).
Esta imagem de "Maria" e "Jesus" tem em Semíramis e seu filho Tamuz a sua inspiração
Quando o povo da Babilônia foi espalhado para as várias partes da terra, levaram consigo a adoração da mãe divina e de seu filho. Isto explica porque muitas nações adoravam uma mãe e um filho – de uma forma ou de outra – séculos antes do verdadeiro Salvador, Jesus Cristo, ter nascido neste mundo. Nos vários países onde este culto se espalhou, a mãe e o filho foram chamados por diferentes nomes, pois, relembramos, a linguagem foi confundida em Babel. 
Os chineses tinham uma deusa-mãe chamada Shingmoo ou “Santa Mãe”. Ela é representada com um filho nos braços e raios de glória ao redor da cabeça (2). 
A Shingmoo chinesa com seu filho no colo. Coincidência?
Os antigos germanos adoravam a virgem Hertha com o filho nos braços. Os escandinavos a chamavam de Disa, que também era representada com um filho. Os etruscos chamavam-na de Nutria, e entre os druidas a Virgo-Patitura era adorada como a “Mãe de Deus”. Na Índia, era conhecida como Indrani, que também era representada com o filho nos braços. 
A deusa-mãe era conhecida como Afrodite ou Ceres pelos gregos; Nana, pelos sumérios, e como Vênus ou Fortuna, pelos seus devotos nos velhos dias de Roma, e seu filho como Júpiter (3). Por várias eras, Ísis, a “Grande Deusa” e seu filho Iswara, têm sido adorados na Índia, onde templos foram erigidos para sua adoração (4).
Na Ásia, a mãe era conhecida como Cibele e o filho como Deoius. “Mas, a despeito de seu nome ou lugar”, diz um escritor, “ela foi a esposa de Baal, a virgem rainha dos céus, que ficou grávida, sem jamais ter concebido de varão” (5).
Quando os filhos de Israel caíram em apostasia, eles também foram enganados por esta adoração da deusa-mãe. Como lemos em Juízes 2.13: “Eles deixaram ao Senhor: e serviram a Baal e a Astarote”. Astarote ou Astarte era o nome pelo qual a deusa era conhecida pelos filhos de Israel. É penoso pensar que aqueles que haviam conhecido o verdadeiro Deus, o abandonassem e adorassem a mãe pagã. Ainda assim era exatamente o que faziam repetidamente (Juízes 10.6; 1 Samuel 7.3,4; 12.10; 1 Reis 11.5; 2 Reis 23.13). Um dos títulos pelos quais a deusa era conhecida entre eles era o de “rainha dos céus” (Jeremias 44.17-19). O profeta Jeremias repreendeu-os por adorarem-na, mas eles se rebelaram contra sua advertência. 
Em Éfeso, a grande mãe era conhecida como Diana. O templo dedicado a ela, naquela cidade, era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Não somente em Éfeso, mas em toda a Ásia e em todo o mundo a deusa era adorada (Atos 19.27)
No Egito, a mãe era conhecida como Ísis e seu filho como Horus. É muito comum os monumentos religiosos do Egito mostrarem o infante Horus sentado no colo de sua mãe.
Comparação entre as representações de Ísis e Horus egípcios e "Maria" e "Jesus" infante
Essa falsa adoração, tendo se espalhado da Babilônia para as diversas nações, com diferentes nomes e formas, finalmente estabeleceu- se em Roma e em todo o Império Romano. Diz um notável escritor com relação a este período: “A adoração da Grande Mãe... foi... muito popular sob o Império Romano. Inscrições provam que os dois (mãe e o filho) recebiam honras divinas... não somente na Itália e especial em Roma, mas também nas proximidades, especialmente na África, Espanha, Portugal, França, Alemanha e Bulgária”. (6)
Foi durante esse período quando o culto da mãe divina foi muito destacado, que o Salvador, Jesus Cristo, fundou a verdadeira Igreja do Novo Testamento. Que gloriosa Igreja ela foi naqueles dias primitivos. Pelo terceiro e quarto século, contudo, o que era conhecido como a “igreja” havia, em muitas maneiras abandonado a fé original, caindo em apostasia a respeito do que os apóstolos haviam avisado. Quando essa “queda” veio, muito do paganismo foi misturado com o cristianismo. Pagãos não convertidos eram tomados como professos na igreja e em numerosas ocasiões tinham a permissão de continuar muitos dos seus rituais e costumes pagãos usualmente com umas poucas reservas ou mudanças, para fazer suas crenças parecerem mais semelhantes à doutrina cristã.
Um dos melhores exemplos de tal transferência do paganismo pode ser visto na maneira como a igreja professa permitiu que o culto da grande mãe continuasse – somente um pouquinho diferente na forma e com um novo nome. Veja você, muitos pagãos tinham sido trazidos para o cristianismo, mas tão forte era sua adoração pela deusa-mãe, que não a queriam esquecer. Líderes da igreja comprometidos viram que, se pudessem encontrar alguma semelhança no cristianismo com a adoração da deusa-mãe, poderiam aumentar consideravelmente o seu número. Mas, quem podia substituir a grande mãe do paganismo? É claro que Maria, a mãe de Jesus, pois era a pessoa mais lógica para eles escolherem. Ora, não podiam eles permitir que as pessoas continuassem suas orações e devoções a uma deusa-mãe, apenas chamando-a pelo nome de Maria, em lugar dos nomes anteriores pelos quais era conhecida? Aparentemente foi este o raciocínio empregado, pois foi exatamente o que aconteceu. Pouco a pouco, a adoração que tinha sido associada à mãe pagã foi transferida para Maria. 
Mas a adoração a Maria não fazia parte da fé cristã original. É evidente que Maria, a mãe de Jesus, foi uma mulher excelente, dedicada e piedosa – especialmente escolhida para levar em seu ventre o corpo de nosso Salvador – mesmo assim nenhum dos apóstolos nem mesmo o próprio Jesus jamais insinuaram a ideia da adoração a Maria. Como afirma a Enciclopédia Britânica, durante os primeiros séculos da igreja, nenhuma ênfase, fosse qual fosse, era colocada sobre Maria (7). Este ponto é admitido pela The Catholic Encyclopedia também: “A devoção a Nossa Bendita Senhora, em última análise, deve ser olhada como uma aplicação prática da doutrina da Comunhão dos Santos. Vendo que esta doutrina não está contida, pelo menos explicitamente, nas formas primitivas do Credo dos Apóstolos, não há talvez qualquer campo para surpresa de não descobrirmos quaisquer traços do culto da Bendita Virgem nos primeiros séculos cristãos”, sendo o culto de Maria um desenvolvimento posterior. (8)
Não foi até o tempo de Constantino – a primeira parte do quarto século – que qualquer um começou a olhar para Maria como uma deusa. Mesmo neste período, tal adoração foi combatida pela igreja, como é evidente pelas palavras de Epifânio (403 d.C.) que denunciou alguns da Trácia, Arábia, e qualquer outro lugar, por adorarem a Maria como uma deusa e oferecerem bolos em seu santuário. Ela deve ser honrada, disse ele, “mas que ninguém adore Maria”. (9). Ainda assim, dentro de apenas uns poucos anos mais, o culto a Maria foi não apenas ratificado pela que conhecemos hoje como Igreja Católica, mas tornou-se uma doutrina oficial no Concílio de Éfeso em 431.
Em Éfeso? Foi nessa cidade que Diana tinha sido adorada como a deusa da virgindade e da fertilidade desde os tempos primitivos. (10) Dizia-se que ela representava os primitivos poderes da natureza e foi assim esculpida com muitos seios. Uma coroa em forma de torre, símbolo da torre de Babel, adornava sua cabeça.
Quando as crenças são por séculos conservadas por um povo, elas não são facilmente esquecidas. Assim sendo, os líderes da igreja em Éfeso – quando veio a apostasia – também raciocinaram que se fosse permitido às pessoas conservarem suas ideias a respeito de uma deusa-mãe, se isto fosse misturado com o cristianismo e o nome de Maria fosse colocado no lugar, eles poderiam ganhar mais convertidos. Mas este não era o método de Deus. Quando Paulo veio para Éfeso nos dias primitivos, nenhum compromisso foi feito com o paganismo. As pessoas eram realmente convertidas e destruíram seus ídolos da deusa (Atos 19.24-27). Quão trágico que a igreja em Éfeso, em séculos posteriores, se comprometesse e adotasse uma forma de adoração da deusa-mãe, tendo o Concílio de Éfeso finalmente transformado isto em uma doutrina oficial.
Uma posterior indicação que o culto a Maria passou a existir partindo do antigo culto à deusa-mãe, pode ser visto nos títulos que são atribuídos a ela. Maria é frequentemente chamada “A Madona”. De acordo com Hislop, esta expressão é a tradução de um dos títulos pelos quais a deusa babilônica era conhecida. Em forma deificada, Ninrode veio a ser conhecido como Baal. O título de sua esposa, a divindade feminina, seria o equivalente a Baalti. Em português, esta palavra significa “minha Senhora”; em latim “Mea Domina”, e em italiano, foi corrompida para a bem conhecida “Madonna”. (11) Entre os fenícios, a deusa-mãe era conhecida como “A Senhora do Mar” (12), e até mesmo este título é aplicado a Maria – embora não exista qualquer conexão entre Maria e o mar.
As Escrituras tornam claro que existe apenas um Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (1 Tm 2.5). Ainda assim o catolicismo romano ensina que Maria também é uma “mediadora”. As orações para ela formam uma parte muito importante do culto católico. Não existe base escriturística para esta ideia, embora este conceito não fosse estranho às ideias ligadas à deusa-mãe. Ela trazia como um dos seus títulos “Milita”, que é a “Mediatrix”, “Medianeira”, ou “Mediadora”. 
Maria é frequentemente chamada “rainha dos céus”. Mas Maria, a mãe de Jesus, não é a rainha dos céus. “A rainha dos céus” foi um título da deusa-mãe que foi adorada séculos antes de Maria ter ao menos nascido. Bem antes, nos dias de Jeremias, o povo estava adorando a “rainha dos céus” e praticando rituais que eram sagrados para ela. Como lemos em Jeremias 7.18-20: “Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha, para se fazerem bolos à rainha dos céus”
Um dos títulos pelos quais Ísis era conhecida era a “mãe de Deus”. Mais tarde este mesmo título foi aplicado a Maria pelos teólogos de Alexandria. Maria era, é claro, a mãe de Jesus, mas somente no sentido de sua natureza humana, sua humanidade. O significado original de “mãe de Deus” ia, além disto; acrescentava uma posição glorificada à MÃE e a igreja católica da mesma maneira foi muito ensinada a pensar assim a respeito de Maria. 
A imagem da deusa-mãe com o filho nos braços estava tão firmemente gravada na mente pagã quando vieram os dias da apostasia que, de acordo com um escritor, a antiga imagem de Ísis e do filho Horus foi finalmente aceita, não somente na opinião popular, mas, por sanção episcopal formal como a imagem da Virgem e do seu filho. (13) Representações de Ísis e do seu filho foram frequentemente colocadas em uma moldura de flores. Esta prática também foi aplicada a Maria, como aqueles que têm estudado arte medieval bem sabem. 
Astarte, a deusa fenícia da fertilidade, era associada com a lua crescente. A deusa egípcia da fertilidade, Ísis, era representada como estando de pé sobre a lua crescente com estrelas rodeando sua cabeça. (14) Nas igrejas católicas romanas por toda a Europa podem ser vistas pinturas de Maria exatamente da mesma maneira. 
Ishtar-Astarte
De numerosas maneiras, líderes da apostasia tentaram fazer Maria parecer semelhante às deusas do paganismo e exaltá-la a um plano divino. Uma vez que os pagãos tinham estátuas da deusa, assim também estátuas eram feitas de “Maria”. Diz-se que em alguns casos, as mesmas estátuas que tinham sido adoradas como Ísis (com seu filho) simplesmente ganharam outro nome, como de Maria e Cristo menino. Quando o cristianismo triunfou, diz um escritor, “estas pinturas e figuras tornaram-se as figuras da madona e do filho sem qualquer quebra da continuidade: nenhum arqueólogo, de fato, pode agora dizer se alguns desses objetos representam uma ou outra”. (15)
Muitas dessas figuras renomeadas foram coroadas e adornadas com jóias – exatamente da mesma maneira das imagens das virgens hindus e egípcias. Mas Maria, a mãe de Jesus, não era rica (Lucas 2.24; Lv 12.8). De onde, então, vieram essas jóias e coroas que são vistas nestas estátuas que supostamente são dela? 
Através de compromissos – alguns muito óbvios outros mais ocultos – a adoração da antiga mãe continuou dentro da “igreja” da apostasia, misturada, com o nome de Maria sendo substituto dos antigos nomes. 
Notas
01. Encyclopedia of Religions,vol. 2, p.398
02. Gross, The Heathen Religion, p.60
03. Hislop, The Two Babylons, p.20
04. Ibid.
05. Bach, Strange Sects and Curious Cults, p. 12
06. Frazer, The Golden Bough, vol. 1, p. 356.
07. Encyclopedia Britannica, vol. 14, p. 309
08. The Catholic Encyclopedia, vol. 15. p. 459, art. “Virgin Mary”. 
09. Ibid., p. 460
10. Fausset´s Bible Encyclopedia, p. 484
11. Hislop, The Two Babylons, p. 20
12. Harper´s Bible Dictionary, p. 47
13. Smith, Man and His Gods, p. 216.
14. Kenrich, Egypt, vol. 1, p.425. Blavatisky, Isis Unveiled, p. 49. 
15. Weigall, The Paganism in Our Christianity, p. 129. 

Fonte: Ralph Woodrow, Babilônia: a Religião dos Mistérios, 

Observação:
Na igreja da apostasia, Maria continua sendo a “Rainha do Céu e da Terra”, dentre outros muitos títulos: 
“Pela ligação maternal a Jesus, Maria está intimamente associada à sua obra redentora, merecendo o título de Co-redentora, que inclui outros que a piedade cristã lhe atribui: Advogada, Auxiliadora, Me­dianeira… Mãe de Jesus, Maria é também Mãe do seu Corpo Místico, pelo que lhe cabe o título deMãe da Igreja, usado por Paulo VI (21.11.1964) , título que não chegou a ser objecto de definição dogmática pelo Conc. Vat. II, que o julgou pressuposto na sua Ma­ter­nidade Espiritual, função que perdura na sua vida celeste como Me­dia­ção Universal a favor de todos os homens. A coroar todas as outras prer­roga­tivas, temos finalmente a sua glo­ri­fica­ção como Rainha do Céu e da Terra." (Cf. Cat. 484-507; 721-726; 963- -975). (Enciclopédia Católica Popular – http://www.ecclesia.pt/catolicopedia )

Pr. Airton E.da Costa

Todas as citações bíblicas são da ACF (Almeida Corrigida Fiel, da SBTB). As ACF e ARC (ARC idealmente até 1894, no máximo até a edição IBB-1948, não a SBB-1995) são as únicas Bíblias impressas que o crente deve usar, pois são boas herdeiras da Bíblia da Reforma (Almeida 1681/1753), fielmente traduzida somente da Palavra de Deus infalivelmente preservada (e finalmente impressa, na Reforma, como o Textus Receptus).
(retorne a http://solascriptura-tt.org/Seitas/ Romanismo/ 
(retorne a http://solascriptura-tt.org/ Seitas/ 
retorne a http:// solascriptura-tt.org/ )






A IGREJA MÓRMON - A RESTAURAÇÃO DA 'VERDADE' PERDIDA?

A representação da 3ª e definitiva versão da 1ª visão
Fonte: www.isd.org




O mormonismo afirma ser a "restauração" de uma "verdade" que ficou perdida aproximadamente entre o ano 100 da nossa era e 1830, quando supostamente o "profeta" Joseph Smith, comissionado por Deus, teria restaurado a "verdadeira igreja de Jesus Cristo" sobre a face da Terra. Isso se chama Mito de Origem e é comum não só ao mormonismo, mas a todas as seitas pseudocristãs como as suas co-irmãs americanas, o adventismo do 7º dia e as testemunhas de Jeová. Todas afirmam que houve uma apostasia dos cristãos após a era apostólica e dezoito séculos mais tarde surgiu o seu grupo para relegar ao mundo o "verdadeiro cristianismo". Que a Bíblia até fala em apostasia nos últimos tempos, ninguém pode negar (1 Tm 4.1), mas fala de "alguns", não de todos.
Mas o primeiro grande erro desses grupos, e, em especial do mormonismo, é inferir erroneamente que a Igreja de Cristo é uma organização e não um organismo vivo (1 Pe 2.5). No caso da seita fundada por Smith, seu entendimento distorcido é que a Igreja se constitui de uma hierarquia encabeçada por: um profeta vivo, dois conselheiros, 12 apóstolos, setentas, presidentes de estaca, patriarcas, bispos de ala e organizações auxiliares como sociedade de socorro, organização dos rapazes, organização das moças e a primária. Toda essa complexa hierarquia administrativa tem no sacerdócio o seu governo e instrumentalidade. O sacerdócio, assim, instrumentaliza a própria existência da igreja e os mórmons acreditam que sem ele não é possível a Igreja de Cristo estar na Terra. Ele estaria dividido entre sacerdócio aarônico (ou menor), conferido a todos os membros masculinos a partir dos 12 anos aos 18, e o sacerdócio de Melquisedeque (ou maior), conferido a todos os homens a partir de 19 anos.
Assim, o mormonismo criou uma estrutura organizacional que rigorosamente a Igreja de Cristo no Novo Testamento não possui. Na Bíblia, a Igreja é um corpo místico universal formado por todos aqueles que passaram pela experiência da conversão e do novo nascimento (Jo 3.3; At 3.19; 2 Co 5.17). Cada autêntico crente é parte da Igreja (1 Pe 2.5), mas o conjunto desses crentes reunidos é que instrumentaliza a existência da Igreja (Mt 18.20). A Igreja está contida nas diversas denominações que conservam os princípios elementares da fé cristã ortodoxa, embora entre estas haja diferenças administrativas e litúrgicas, bem como nuances doutrinárias de somenos importância. A Igreja age em nome de Jesus (Mc 16.17) e possui apenas uma discreta organização interna com bispos ou presbíteros (funcionalmente, mesmo cargo do pastor) (1 Tm 3.1,2) e diáconos (cf. v. 12). A Igreja possui dois aspectos: local e universal. No aspecto local, trata-se da igreja "visível" sendo a congregação ou comunidade que se reúne num local geográfico específico. Nesta acepção social a igreja (comunidade de professos cristãos) pode ser constituída tanto pelos verdadeiros crentes convertidos quanto pelos falsos os quais nunca se converteram a Cristo de fato (2 Tm 2.20; Mt 13.24-30; 36-43). No aspecto universal, a Igreja é "invisível", pois só Deus conhece de fato os salvos e verdadeiros convertidos. É a verdadeira Igreja de Cristo espalhada pelo mundo. É a acepção mística ou espiritual da Igreja. Feitos esses importantes esclarecimentos e diferenciações para o conceito de igreja do mormonismo, vamos abordar seus cinco principais pressupostos (embora haja outros tantos) e analisá-los à luz da teologia bíblica e histórica.
I- A PRIMEIRA VISÃO DE JOSEPH SMITH
O falecido presidente do mormonismo, Gordon B. Hinckley afirmou: “Nossa força total descansa sobre a validade dessa visão. Ou ocorreu ou não ocorreu. Se não ocorreu, então esta obra é uma fraude.” Ex–Presidente SUD Gordon B. Hinckley, Salt Lake Tribune, October 7, 2002.
Analisando as estórias dessa suposta primeira visão de Smith poderíamos chegar à conclusão que se trata não mais que uma das muitas fraudes do "profeta". A atual versão oficial publicada nas literaturas mórmons e reproduzida todos os dias pelos pseudos-missionários em alguma parte dos mais de 200 países onde se encontra atualmente - e por membros em seus enfadonhos e cansativos discursos (eu fui membro e sei do que estou falando) - é , na verdade, uma terceira versão só publicada em 1842, o que é admitido pelos próprios sites mórmons. Há nada menos que dez versões diferentes e conflitantes nas quais a causa da 'confusão' de Smith com relação a qual das denominações cristãs estava correta, o número de personagens supostamente visto por ele, a data dos supostos acontecimentos e até a sua idade correta por ocasião das 'visões' varia. Os pseudos-apologistas mórmons ingenuamente creditam essas discrepâncias à natural dificuldade de lembrarmos de um ou outro fato quando relatamos um acontecimento a diferentes pessoas e estas enfatizam um ou outro ponto mais relevante para escrevê-las ou relatá-las a terceiros. Também apelam para a própria Bíblia insinuando haver discrepâncias nos relatos, por exemplo, da visão de Paulo a caminho de Damasco (At 9.3-9; 22.6-21; 26.12-18) e da transfiguração de Jesus nos evangelhos sinóticos (Mt 17.1-13; Mc 9.2-13; Lc 9.28-36). Vamos detalhar essas diferentes versões da 'visão' maravilhosa do 'profeta' abaixo reproduzindo na íntegra a excelente análise postada no blog Bereianos, pelo meu irmão em Cristo, Ruy Marinho. Embora sejamos de denominações cristãs diferentes, com diferenças administrativas, litúrgicas e de aspectos secundários de doutrina, no entanto, nos três grandes estandartes da Fé Reformada e no combate às heresias e os falsos mestres estamos juntos e todos de acordo; afinal, pertencemos à mesma e única Igreja de Cristo. 

A “Evolução” de um Relato (Por J. Warner Wallace)

Com o passar do tempo, parece que a história de Joseph acerca de sua primeira visão de Deus relacionado à sua descoberta das placas de ouro (da qual o Livro do Mórmon foi traduzido) mudou sobremaneira. Elementos fundamentais variaram ao passar dos anos em que foi primeiramente descrito. Lembre-se de que Joseph disse que ele recebeu esta visão (antes da descoberta) e ficou calado sobre isto por vários anos antes que ele compartilhasse com qualquer um! Então, todas as descrições dele são bem depois do fato. Podemos querer começar com alguns fatos e datas históricos conhecidos para ajudar-nos a verificar as afirmações de Joseph.
Um Avivamento Espiritual em 1824-25: Um avivamento espiritual ocorre na região de Palmyra, Nova Iorque, onde Joseph e a sua família viviam naquela época. Conhecemos esta data devido ao fato de que os registros de frequência e de conversão indicam um forte crescimento em 1824.
Joseph é Julgado em 1826: Na idade de 20 anos, Joseph Smith é julgado por divinação em South Bainbridge, New Iorque. Sabemos disto devido aos Registros do Tribunal de Bainbridge de 1826 do Juiz Albert Nealy que indicam que Joseph estava sendo julgado por fingir que estava encontrado tesouros perdidos (utilizando uma ‘pedra de vidente’ para descobrir ouro enterrado na terra) em 20 de março de 1826. Joseph foi julgado culpado de um delito em violação da lei de vadiagem do estado de Nova Iorque porque ele estava fingindo achar tesouros perdidos com a sua pedra de vidente dentro de seu chapéu (interessantemente, este é o mesmo método que ele disse posteriormente que ele utilizou para traduzir o Livro de Mórmon). Os registros do tribunal também indicam que Joseph utilizou outros rituais ocultos para ajudá-lo a localizar os tesouros, incluindo o espargimento de sangue de animal para quebrar o encantamento que acreditava-se proteger o tesouro. Porque Joseph era menor de idade, foi-lhe permitido sair do condado ao invés de ser preso.


Analisando Todos os Relatos
Tendo estas duas datas históricas em mente, vamos examinar os relatos da primeira visão fornecida pelo Joseph e os seus amigos mais próximos ao longo dos anos. Em geral, os relatos eventualmente desenvolveram vários elementos fundamentais. Joseph é inicialmente visitado por um ser espiritual que o informa sobre as placas de ouro enterradas, mas não é-lhe permitido obter as placas por um período de tempo. Vamos analisar a modificação da natureza da visão de como foi descrita ao passar do tempo, e monitorar os três elementos fundamentais do relato: para começar, a motivação que Joseph tinha para buscar a Deus, a idade de Joseph e a data da visão, e exatamente quem que apareceu-lhe na visão…
1827 - Joseph Smith, Sr. e Joseph Smith, Jr. prestam contas a Willard Chase, como relatado em seu depoimento de 1833.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph diz que o livro de ouro foi encontrado no contexto de suas atividades de escavação de dinheiro. Não há menção de avivamento.
Quando Ele diz que Isto Ocorre: Joseph diz que ele tem aproximadamente 17 anos de idade (1823) quando ele tem a visão. Ele tinha 21 anos (1827) quando ele finalmente obtém as placas.
O Que Ele Diz que Viu: Vários anos antes de obter as placas, um ‘espírito’ apareceu a Joseph em uma visão falando-o sobre um registro de placas de ouro. 
1827 - Martin Harris dá conta ao Reverendo John Clark, de acordo com a publicação em seu livro “Gleanings by the Way” impresso em 1842, pp. 222-229.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Nenhum avivamento. A visão ocorre depois de uma tarde de escavação de dinheiro.
 Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph tem aproximadamente 18-19 anos de idade (1824-25) quando ele tem a visão.O que Ele Diz que Viu:Um ‘anjo’ apareceu a Joseph em uma visão dizendo-lhe que foi escolhido para ser um profeta e trazer um registro sobre placas de ouro.1830 - Joseph Smith é entrevistado por Peter Bauder, (recontado por Bauder em seu livro “The Kingdom and the Gospel of Jesus Christ”, impresso em 1834, pp. 36-38). Como Ele Descreve a Sua Motivação: Nenhum avivamento é mencionado. Na verdade, Joseph não pôde demonstrar a Bauder alguma “experiência Cristã”, i.e. nenhuma experiência de conversão ou manifestação da graça salvadora em sua vida.Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Nenhuma idade é mencionada.O que Ele Diz que Viu: Joseph afirmou que um ‘anjo’ disse-lhe onde encontrar um tesouro secreto.
1832 - Joseph Smith escreve à mão a tentativa conhecida mais antiga de um relato ‘oficial’ da Primeira Visão, da História, 1832, Joseph Smith Letterbook 1, pp. 2, 3.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph agora diz que ele começou um estudo sério das escrituras aos 12 anos de idade e sentiu-se condenado por pecados. Ele também diz que ele determinou que todas as igrejas estavam erradas. Ele não fez nenhuma menção de avivamento e omite todas as informações sobre o contexto da escavação de dinheiro dos primeiros relatos.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph agora diz que ele tem 15 anos (em seu décimo-sexto ano) quando ele teve a primeira visão, e agora adiciona uma segunda visão que ocorre na idade de 17 anos (ele diz que novamente orou e então teve uma segunda visão).
O que Ele Diz que Viu: Joseph afirmou ver ‘Jesus’ na primeira visão com 15 anos, e um ‘anjo’ na segunda visão (este anjo disse-lhe onde encontrar as placas).
1834-35 - Oliver Cowdery, com a ajuda de Joseph Smith, publicou a primeira história do Mormonismo no “LDS periodical Messenger and Advocate, Kirland”, Ohio, Dec. 1834, vol. 1, no. 3.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph diz que um avivamento agitou nele um desejo de “conhecer para si mesmo a certeza e realidade da religião pura e santa”.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph diz que tem 17 anos (1823) quando ele teve a visão em seu quarto.
O que Ele Diz que Viu: Joseph afirmou que um ‘anjo’ apareceu-lhe.
1835 - Joseph Smith dá conta ao Joshua o ministro Judeu, (Joseph Smith Diary, Nov. 9, 1835).Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph agora diz que ele foi “animado” em sua mente sobre a religião, mas não há nenhuma menção de avivamento.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph agora afirma que tinha 14 anos (1820) quando ele teve uma visão em um bosque. Ele afirma que posteriormente teve outra visão com 17 anos.
O que Ele Diz que Viu: Disse que teve uma visão de um personagem e em seguida de outro. Um personagem testifica sobre Jesus, mas nenhum é identificado como sendo Jesus. Ele disse que viu muitos anjos em sua primeira visitação. Na segunda visitação, Joseph vê ‘anjos’.
1835 - Joseph deu um relato ao Erastus Holmes em novembro 14, 1835, originalmente publicado no “Deseret News of Saturday”, maio 29, 1852.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Nenhuma é dada.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph diz que ele tinha 14 anos (1820) quando ele teve a visão.
O que Ele Diz que Viu: Ele disse que teve uma visão de ‘anjos’.
1838 - Esse relato tornou-se a versão oficial, agora parte da Escritura dos Mórmons na “Pérola do Grande Preço”, Joseph Smith – História, 1:7-20. Embora escrito em 1838, não foi publicado até 1842 no “Times and Seasons”, março 15, 1842, vol. 3, no. 10, pp. 727-728, 748-749, 753.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph diz que um avivamento local levou-o a saber qual igreja estava certa; nunca tinha ocorrido a ele que todas estavam erradas.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Ele diz que com 14 anos (1820) ele teve uma visão em um bosque. Três anos mais tarde ele teve outra visão de um anjo.
O que Ele Diz que Viu: Joseph diz que na primeira visão, ele teve uma visão de dois personagens. Um identifica o outro como o seu filho (por implicação: Deus o Pai e Jesus, mas não explicitamente afirmado). Na segunda visão, ele somente vê um ‘anjo’.
1844 - Joseph descreve a visão enquanto estava escrevendo um capítulo sobre Mormonismo em “An Original History of the Religious Denominations at Present Existing in the United States”, editado por Daniel Rupp.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph disse que começou a refletir na importância de estar preparado para o futuro estado, mas ao inquirir encontrou um grande conflito de opinião religiosa. Não há menção de um avivamento.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph diz que com 14 anos (1820) ele teve uma visão em um bosque. Três anos mais tarde ele tem uma segunda visão.
O que Ele Diz que Viu: Ele teve uma visão de dois personagens, mas estes não foram identificados. Três anos mais tarde ele diz que teve uma visão sobre um único personagem (mesma descrição que os personagens anteriores) que é identificado como um anjo.
1859 - Martin Harris é entrevistado no Tiffany’s Monthly, 1859, New York: Published by Joel Tiffany, vol. v. —12, pp. 163-170.Como Ele Descreve a Sua Motivação: Joseph encontrou as placas utilizando a pedra de vidente no contexto da escavação de dinheiro. Não há nenhuma menção de avivamento.
Quando Ele Diz Que Isto Ocorre: Joseph tem 21 anos (1827) no momento da visão.
O que Ele Diz que Viu: Um ‘anjo’ apareceu à Joseph depois de encontrar as placas, e disse-lhe que [o Livro de Mórmon] era obra de Deus e Joseph deveria “sair da companhia dos escavadores de dinheiro”.

 Um Sumário das Variações

Claramente há uma variação nos elementos fundamentais da primeira história da visão. Começa com discrepâncias relacionadas à motivação inicial de Joseph para encontrar as placas ou buscar a Deus. As descrições variam de ‘nenhum motivo’ (um espírito aparece com a notícia das placas de ouro), a leitura ativa da Bíblia e convicção dos pecados, a um avivamento, e um desejo de saber se Deus existe. Além disto, Joseph e seus companheiros imediatos variam em relação a idade e data da primeira visão, que vão desde 1823 (Joseph aos 16 anos), e 1821 (15 anos), e 1820 (14 anos). A visão é descrita inicialmente em um quarto e em seguida em um bosque. Finalmente, e talvez o mais importante, há discrepâncias em exatamente quem é que aparece a Joseph. É um espírito, um anjo, dois anjos, Jesus, muitos anjos, ou o Pai e o Filho?


A Versão Oficial Tem Um Problema com a História Conhecida

Sobretudo, a igreja sustenta que Joseph estava respondendo ao avivamento espiritual em Palmyra quando teve sua primeira visão, e acredita neste relato. Sabemos no entanto, que este avivamento não ocorreu até anos após 1820 [quatro anos mais tarde], data que a igreja sustenta em relação a visão. Além disso, sabemos que Joseph tinha uma história como um escavador de ouro condenado, mesmo após o momento da primeira visão por qualquer relato (baseado em sua detenção em 1826)!
Parece haver uma evolução gradual do relato, mudando a partir dos relatos mais antigos dados a Chase e Harris que menciona nenhum fundamento espiritual para a descoberta das placas (essas contas concordam que ele estava simplesmente escavando em busca de ouro), a relatos posteriores que descrevem uma forte motivação espiritual (como um avivamento em Palmyra ou intenso estudo da Bíblia por parte de Smith). Joseph é descrito desde cedo como um escavador de ouro de 17 anos de idade que encontra as placas, mas depois como um buscador espiritual de 14 anos de idade que é levado às placas por Deus. Parece como se Joseph, ao longo do tempo, omitiu e mudou os fatos da visão para torná-los menos ofensivo (a partir de uma perspectiva de escavador de dinheiro) e mais atraente (a partir de uma perspectiva espiritual).

Um fato importante que devemos mais uma vez enfatizar é que NÃO HOUVE NENHUM AVIVAMENTO EM 1820, como o 'profeta' afirma ter existido na hoje versão oficial do mormonismo na região de Palmyra e arredores. Isso mina totalmente a credibilidade do relato da Primeira Visão.

Não houve ganhos significativos no número de membros das igrejas dentro da área de Palmyra-Manchester, Nova York, durante o período de 1820-1821 tais como sucedem em grandes reavivamentos. Por exemplo, em 1820 a Igreja Batista em Palmyra somente recebeu 8 pessoas através de profissão de fé e batismo; a Igreja Presbiteriana foi acrescida de 14 membros, enquanto que o circuito Metodista perdeu 6 membros, caindo de 677 em 1819 para 671 em 1820 e descendo para 622 em 1821.

1.1- A "visão" do Pai e do Filho se sustenta na Bíblia?

Ao serem contraditados com textos bíblicos (Jo 1.18; 1 Jo 4.12; 1 Tm 6.16) que afirmam sem pestanejar que o Pai nunca foi visto por homem algum, os mórmons afirmam que tais textos são o produto de séculos de interpolação de copistas que acrescentaram suas próprias convicções teológicas às Escrituras. Para provar que a 'visão' de Smith tem sustentação bíblica, eles citam Êx 24.9,10 (esse texto não foi corrompido para eles, é claro...) para 'provar' que é possível sim ver a Deus. Só que ali a descrição feita por Moisés em nenhum momento diz que o Pai se assemelha ao ser humano. A expressão "pés" de que fala o texto é apenas uma comparação metafórica. Se esse termo é literal por que Moisés não descreveu o rosto? E quando ele utiliza a expressão "como uma obra de pedra de safira e como o parecer do céu na sua claridade" está mais do que explícito que trata-se apenas da impressão do ponto de vista de quem viu a glória da manifestação divina.

Quando esse mesmíssimo episódio é repetido em Dt 4.10-16, a recomendação é "Guardai, pois, com diligência a vossa alma, pois SEMELHANÇA NENHUMA VISTES no dia em que o SENHOR, vosso Deus, em Horebe, falou convosco, do meio do fogo; para que não vos corrompais e vos façais alguma escultura, semelhança de imagem, FIGURA DE MACHO ou de fêmea...". Então pode-se ver aí que o Pai não se parece com o ser humano, não possui aparência física e o que Moisés e seus companheiros viram no Horebe (o mesmo Sinai) foi a refulgente glória de Sua manifestação. Isso concorda com Jo 4.24 no qual o próprio Jesus afirma que o Pai é uma Pessoa essencialmente espiritual e não tem forma física alguma. Diante disso, pseudos-apologistas do mormonismo recorrem infantilmente a textos que falam dos "olhos" do Senhor (Sl 33.18; 34.15) "ouvidos" do Senhor, de sua "boca" (Dt 8.3) e "mão" (Nm 11.23). Entretanto, se devemos interpretar tais textos como 'prova' de que o Pai possui um corpo tangível de carne e ossos, também devemos acreditar que Ele seja uma ave (Sl 91.4) ou uma fornalha (Hb 12.29).
Os mórmons argumentam que não podem conceber um Deus "sem corpo, partes ou paixões". Essa crença fundamenta a sua esdrúxula doutrina de que o deus mórmon é um homem que evoluiu e se tornou deus. Daí eles forjarem textos bíblicos como Gn 1.26 para insinuar que o Deus da Bíblia é uma espécie de arquétipo do qual o ser humano foi criado literalmente à sua "imagem e semelhança". Só que não! "Imagem e semelhança" diz respeito a certos atributos comunicáveis que Deus conferiu ao homem. "Imagem" se relaciona ao fato de Deus ter comunicado a Adão Seus atributos de amor, justiça e santidade (o que o primeiro casal perdeu após a Queda). É tão factual isso que Gn 5.3 informa que Adão gerou Sete "à sua semelhança, conforme à sua imagem" e não mais à imagem e semelhança de Deus.  Isso se restaura no ser humano mediante o novo nascimento (Ef 4.24; Cl 3.10).
Com respeito à "semelhança", isso reflete o fato de Deus ter comunicado ao homem o que não fez com nenhuma outra criatura, ou seja, o fato de ser um Ser moral, pessoal e racional (Gn 5.1). Isso se manteve mesmo após a Queda. Assim, o homem não é protótipo da divindade como ensinam absurdamente os mórmons. Ele apenas refletia em certa medida alguns atributos que Deus resolveu comunicar-lhe pelo fato de ser o homem a coroa de Sua criação. Concluímos então que nem historicamente nem biblicamente a alegação mórmon da "visão" de Joseph Smith do Pai e do Filho tem qualquer fundamento. Aí concluímos sem qualquer margem para a dúvida que a seita fundada por Smith é um dos maiores embustes já surgidos tratando-se tão somente de uma fraude como deixou eventualmente provável o presidente Gordon B. Hinckley.

II- A DOUTRINA DA GRANDE APOSTASIA

- Fracassaram Jesus, o Espírito Santo e a Igreja?

Como abordado brevemente no início deste artigo, todos os grupos pseudo-cristãos advogam a extinção da Igreja e consequentemente da Verdade após a era apostólica. O único grupo  que ainda relativiza isso são os adventistas do sétimo dia. A ideia do fracasso pleno e total do cristianismo pós-apostólico é crucial para o mormonismo porque caso a Igreja subsista de século em século até os nossos dias não haverá nenhum ensejo para o seu restauracionismo; ou seja, não existirá nenhuma base sólida para a Igreja Mórmon advogar ser "a restauração do autêntico cristianismo primitivo".

Essa doutrina dentro do mormonismo é conhecida por A Grande Apostasia e quem mais a defendeu e contribuiu literariamente para canonizá-la na seita de Smith foi o "apóstolo" James E. Talmage. Presume-se isso a partir de alguns textos bíblicos entre os quais os principais são Is 29.13; Am 8.11,12 e 2 Ts 2.1-4. Desse modo, a própria Bíblia teria previsto esse período de trevas espirituais no qual ninguém encontraria a verdade durante mais ou menos 1.730 anos. Os mórmons afirmam que devido a essa corrupção generalizada, tanto moral quanto doutrinária, Deus retirou a 'autoridade do sacerdócio' da Terra fazendo com que não houvesse mais legitimidade alguma nas administrações eclesiásticas desse período. Os pseudos-missionários mórmons costumam empregar uma antiga técnica argumentativa pela qual indagam seus interlocutores: "Pode um ramo vivo surgir de uma árvore morta?". Nesse caso, o "ramo" a que eles se referem é o protestantismo o qual teria saído, segundo eles, da Igreja Católica Romana (a "árvore"). Só que para o desapontamento deles, a própria Palavra de Deus diz ser isto possível (Jó 14.7-9).

Como por mim brevemente abordado no começo, a Igreja de Cristo é um corpo místico a qual nunca dependeu (embora perseguida e ameaçada pelas falsas doutrinas) das variáveis dos acontecimentos históricos para subsistir no tempo. A Igreja Romana, ainda que majoritária durante quase todo o período medieval, não é e não era a Igreja de Cristo. Até houve nela uma minoria de indivíduos que experimentaram a fé salvadora em Jesus Cristo, entre os quais Lutero. Mas até a sua conversão a partir da leitura de Rm 1.17, o monge agostiniano era de fato um "ramo morto" numa "árvore morta". Mas depois de "vivo", ele não foi reenxertado na "árvore morta", mas na Videira Verdadeira (Jo 15.4,5). O mormonismo, é verdade, não saiu de nenhuma das duas tradições, mas é o joio que uma vez plantado, cresceu até o dia em que será arrancado e queimado no fogo (Mt 13.24-30; 36-40).

Bom, mas será que o mormonismo tem mesmo razão ao enxergar em Is 29.13; Am 8.11,12 e 2 Ts 2.1-4 fundamentos bíblicos para a "Grande Apostasia"?
O profeta Isaías clamava em seu tempo a Judá "Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído".
O próprio Senhor Jesus (convenhamos, melhor Mestre do que qualquer exegeta mórmon) aplicou, por extensão, essa profecia aos fariseus do I século (Mt 15.7-10). Depreende-se, por uma questão de lógica, que a denúncia original de hipocrisia e formalismo na adoração a Deus tinha nos judeus contemporâneos de Isaías a sua aplicação imediata e no farisaísmo dos tempos de Jesus a sua extensão. Assim, a profecia aponta para o judaísmo e não para o cristianismo pós-apostólico. E quanto a Amós?
O bom estudante das Escrituras Sagradas sabe perfeitamente que Amós foi um profeta que desempenhou a sua chamada por Deus no Reino do Norte o qual incluía as 10 tribos hoje perdidas e chamadas simultaneamente de Israel ou Efraim (por ser a tribo mais proeminente). A passagem em apreço diz assim:"Eis que vêm dias, diz o Senhor DEUS, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR. E irão errantes de um mar até outro mar, e do norte até ao oriente; correrão por toda a parte, buscando a palavra do Senhor, mas não a acharão."
O termo "terra" acima poderia designar o mundo todo, como querem os mórmons? Fosse isso assim teríamos que incluir todo o Oriente não-cristão buscando o Deus da Bíblia. Seria isso conciliável com os fatos históricos? A verdade é que a profecia diz respeito ao Reino do Norte com suas 10 tribos. Um pouco antes, Amós diz "Portanto, o Senhor JEOVÁ diz assim: Um inimigo surgirá, e cercará a tua terra, derribará a tua fortaleza, e os teus palácios serão saqueados"(Am 3.11). Esse foi o começo do cativeiro assírio sob Tiglate-Pileser III, em 734 a.C. Mais tarde, Sargão II consumou-o definitivamente em 722 a.C. No próprio contexto do capítulo 8, nos versículos 13 e 14, lemos "Naquele dia as virgens formosas e os mancebos desmaiarão de sede. Os que juram pelo delito de Samaria, dizendo: Como é certo viver o teu deus, ó Dã, e: Como é certo viver o caminho de Berseba; ESSES MESMOS CAIRÃO, E NÃO SE LEVANTARÃO MAIS". Portanto, os mórmons desprezam o contexto para provar o que o texto em nenhum momento quer afirmar e o contexto aponta tão somente para o futuro (então) próximo da partida sem volta das dez tribos do norte. Se o texto de 8.11,12 se aplicasse a um futuro escatológico teríamos pessoas interessadas em buscar a Deus, mas o que vemos no NT não é um mundo voltando-se para as coisas espirituais (Mt 24.6,7,12; 2 Tm 3.1-5) com a proximidade do fim.
2 Ts 2.3,4 sim, trata-se de uma profecia escatológica que se cumprirá quando o falso messias (chamado por Paulo nesta passagem de "homem do pecado" e "filho da perdição", o mesmo Anticristo de 1 Jo 2.18) se manifestar profanando o 4º templo judaico e desejando ser adorado pelos judeus como se fosse deus. Mas o que interessa realmente nessa passagem para o mormonismo, como sempre, não é o contexto, mas tão somente o fato dele mencionar o termo "apostasia", a qual realmente se dará de uma forma quase generalizada nos tempos do fim; contudo, não de forma total, pois mesmo nesse período, haverá alguns fiéis que preferirão morrer do que adorar à Besta (Ap 13.6-8).
A doutrina de uma apostasia generalizada após o período apostólico da Igreja se opõe claramente a três verdades afirmadas no NT:

  1. De que a Igreja seria sempre vitoriosa sobre as portas do inferno (Mt 16.18);
  2. De que Jesus estaria para sempre com a mesma todos os dias, até à consumação dos séculos (Mt 28.20);
  3. A de que o Espírito Santo, o outro Consolador, também ficaria para sempre até a dispensação da Igreja (Jo 14.16).
Caso uma dessas verdades não fossem cumpridas à risca, aí sim, não haveria condições para a Igreja subsistir. Corrobora com isso o fato de que Deus nunca fica sem testemunhas, haja visto o caso de Noé em sua geração (Gn 6.1-8) e do profeta Elias com mais sete mil (1 Rs 19.13-18), mesmo à terrível apostasia do Reino do Norte no tempo de Acabe. A Bíblia ainda afirma muito mais ao dizer que a Verdade divina é de geração em geração (Sl 100.5) e que a Palavra do Senhor permanece para sempre (1 Pe 1.25). Pra encerrar esse assunto, há o fato de que a Igreja deve a sua existência em todas as gerações, para todo o sempre, e não somente até o fim do I século como deseja o mormonismo (Ef 3.21). Na verdade, a única igreja que apostatou totalmente da Verdade foi a própria Igreja Mórmon e não a Igreja de Cristo!

III- A BÍBLIA PROFETIZOU O APARECIMENTO DO LIVRO DE MÓRMON?

Os mórmons ficam meio chateados quando alguém diz que o Livro de Mórmon é "outro evangelho" e enquadram-no texto de Gl 1.6-9. Ou quando dizem-nos que o LM é a sua bíblia e que não se precisa de "outra bíblia". Perspicaz, Joseph Smith tratou logo de rechaçar essa objeção no texto de seu livro em 2 Néfi 29.3-12De fato, o LM não é outra bíblia, mas é a obra-padrão do mormonismo e com certeza absoluta é outro evangelho. No seu subtítulo de capa, ele se autointitula "outro testamento de Jesus Cristo" e o mormonismo apela para um princípio civil da Lei de Moisés que estabelece que "Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra" (2 Co 13.1 cf. Nm 35.30; Dt 17.6). Destarte, o mormonismo assevera que o LM é complementar à Bíblia na tarefa de testemunhar que Jesus é o Messias.
O primeiro problema de o LM ser "outro testamento de Jesus Cristo" é que também há um princípio na Palavra de Deus que diz que "se o testamento de um homem for confirmado, ninguém o anula NEM O ACRESCENTA" (Gl 3.15) e que "onde há testamento NECESSÁRIO É QUE INTERVENHA A MORTE DO TESTADOR(Hb 9.16). Bom, o Novo Testamento ou Nova Aliança foi selado no sangue de Jesus (1 Co 11.25)Se Jesus confirmou o Novo Convênio e o próprio LM diz ser um testemunho adicional, está provado a sua ilegitimidade, pois ninguém pode acrescentar mais nada ao NT. Agora, quem derramou sangue para ratificar a validade do LM? Jesus certamente não foi porque Ele morreu pelo NT apenas uma vez e para sempre (Hb 9.25-28)

Porém se os mórmons atribuírem a Joseph Smith essa façanha quando morreu alvejado por quatro tiros em 1844, então está provado a autoria humana do "livro mais correto da Terra".

Nem mesmo o apelo ao princípio civil da Lei de Moisés serve para autenticar o LM, pois a lei ali descrita é com relação à confirmação da prática de homicídio (Nm 35.30) e de idolatria (Dt 17.6) que Paulo a utilizou apenas analogamente em sua terceira ida a Corinto.

Entretanto, os mórmons afirmam que o LM é parte do Novo Convênio com Israel o qual fará com que este povo compreenda a mensagem de salvação em Cristo, retornem à Palestina e sejam grandemente abençoados materialmente fazendo com que a terra antes estéril passe a um estado de plena fertilidade.

Essa acepção do propósito do LM foi anterior ao início do movimento sionista no final do século XIX, o qual culminou com a criação do moderno Estado de Israel em 1948. Ainda que os mórmons possam citar casos fortuitos de judeus que abraçaram a fé mórmon por intermédio do LM, a verdade é que o seu livro sagrado em nada influenciou a volta dos judeus em massa para a Terra Prometida, o que estava profetizado pela Bíblia 2.400 anos antes do LM aparecer (Is 66.8-14).

Mas a acepção mais importante do LM talvez seja a de que se destina principalmente a um remanescente do povo judeu que teria imigrado para as Américas em 600 a.C. Esse povo seria descendente de um piedoso judeu chamado Leí (ou Léhi) o qual mais tarde se dividiu em duas grandes nações rivais, os nefitas e os lamanitas. Seriam esses as outras ovelhas do aprisco de Israel, as quais Jesus disse que também Lhe convinha agregar (Jo 10.16). Nefitas e lamanitas, então, seriam os povos pré-colombianos. Contudo, quando Colombo aqui chegou neste continente não encontrou os primeiros os quais teriam caído em apostasia (eram uma espécie de judeus cristãos) e acabaram sendo exterminados pelos segundos. Os lamanitas vieram a constituir o principal antepassado dos índios americanos (e embora fossem judeus) ficaram com a pele amorenada devido a uma maldição divina. Os problemas do LM com a ciência, a história e a arqueologia apenas começam aí.

O Dr. Ross T. Christensen, antropólogo mórmon, disse: "A afirmação de que o Livro de Mórmon já foi aprovado pela arqueologia é enganosa" (U.A.S. Newsletter, n° 64, Provo, Utah, 1960). Floyd C. McElveen afirma: "Na pesquisa que fiz sobre o mormonismo não encontrei um único arqueólogo não-mórmon que desse crédito à história do Livro de Mórmon. Nenhum deles o usa como guia para pesquisas arqueológicas na América do Sul ou na América Central" (A Ilusão Mórmon, Ed. Vida, p.72).

A lista a seguir foi publicada no livrete Archeology and the Book of Mórmon, escrito por Hal Hougey, p.12:

a) nenhuma cidade do Livro de Mórmon foi localizada;

b) nenhum nome do Livro de Mórmon foi encontrado em inscrições do Novo Mundo;

c) nenhuma inscrição genuína em hebraico foi encontrada;

d) nenhuma inscrição em egípcio ou qualquer língua que pudesse vir a ser o "egípcio reformado" de Joseph Smith foi encontrada;

e) nenhuma cópia antiga das escrituras do Livro de Mórmon foi encontrada;

f) não há inscrição de qualquer espécie que indique que os antigos habitantes tinham crenças hebraicas ou cristãs, todas eram pagãs;

g) nenhuma menção de pessoas, nações ou lugares do Livro de Mórmon é verdadeiro ou foi encontrado;

h) nenhum artefato de qualquer espécie que demonstre que o Livro de Mórmon é verdadeiro foi encontrado; 

i) o mormonismo afirma que o índio americano é de origem hebraica. A ciência afirma que o índio americano é de origem mongoloide (asiática);

j) a última palavra do Livro de Jacó é uma saudação em francês, na edição inglesa. O problema é que o livro data de 600 a.C. e a língua francesa só começou a ser formada em 700 d.C; 

l) até o Museu Nacional de História Natural da Smithsonian Institution of Washington, DC, no EUA, tem desmentido qualquer afirmação do mormonismo sobre a verdade arqueológica do Livro de Mórmon.

Mas talvez os mórmons citem fora de contexto (as testemunhas de Jeová também se utilizam desse expediente, e muito...) alguns arqueólogos não-mórmons para provar a exatidão científica do LM, ou seus próprios arqueólogos movidos de paixão religiosa queiram (como os evolucionistas) provar que o cóccix humano é órgão vestigial daquilo que um dia foi um rabo... Vamos então retornar para o campo da teologia, pois não são os cientistas que vão provar que o LM é uma fraude e sim a própria Palavra de Deus, afinal estamos tratando de questões de fé.

3.1- Passagens que 'provam' a biblicidade do Livro de Mórmon
Desde que Deus me resgatou das garras do mormonismo estudo essa seita - e todas as outras - há 20 anos. Não há texto sem contexto que os "missionários" ou o mormonismo em geral desencave na Bíblia que eu não conheça. Eu fui um deles e conheço seus ardis maliciosos. Listo abaixo, sem o propósito de esgotá-los, os principais usados por eles para transparecer aos incautos e ignorantes que o LM estava previsto na Bíblia. Vamos, pois, a alguns deles:

  • "A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus" (Sl 85.10,11).
Distorção mórmon: Como supostamente o LM foi desencavado da terra em placas de ouro, os discípulos de Smith dizem que ele é "a verdade que brota da terra" profetizada nesse salmo.
Refutação: Esse salmo anônimo muito provavelmente se refere ao retorno do cativeiro babilônico (v. 1-4,12) ou mesmo a oração para Deus realizá-lo. Os termos "verdade" e "justiça" são metafóricos e apontam para o restabelecimento de Israel na Terra Prometida e o avivamento dele resultante (Ne 8 e 9)Nada a ver com o 'livro sagrado' de Smith.
  • "Portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa no meio deste povo, uma obra maravilhosa e um assombro; porque a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus prudentes se esconderá"(Is 29.13,14)

Distorção mórmon: A profecia de Isaías é aplicada pelo mormonismo para indicar que essa "obra maravilhosa" é o Livro de Mórmon. 
Refutação: Porém o que mais de maravilhoso Deus fez no meio de Israel em que a mente espiritual embotada dos sábios e entendidos não discerniu? Mais uma vez o Mestre dos mestres pode responder aos infelizes teólogos mormonitas:"Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11.25).

Um pouco mais tarde, o apóstolo Paulo ratificou isso escrevendo aos coríntios: "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1 Co 1.18-30).

  • "Por isso toda a visão vos é como as palavras de um livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não posso, porque está selado. Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não sei ler" (Is 29.11,12).
Distorção mórmon: Aqui se dá historicamente uma das maiores falcatruas do "profeta" Joe Smith (como era conhecido dos seus vizinhos de Palmyra quando criança e adolescente).O livro Pérola de Grande Valor (Joseph Smith - História 1.62-64) afirma que a passagem acima é uma profecia que se cumpriu envolvendo a ida de Martin Harris à Universidade de Colúmbia, em Nova York, procurar um erudito chamado Charles Anthon. O fazendeiro Harris foi um dos primeiros discípulos do "profeta" Smith e, segundo a PGV, foi comissionado a procurar o professor Anthon a fim de lhe mostrar alguns caracteres recém-copiados e traduzidos para o inglês por Smith desde as placas de ouro as quais deram origem ao LM. Segundo o relato da PGV, Anthon teria aprovado a tradução dizendo que ela "estava correta, muito mais que qualquer outra que ele tinha visto antes traduzida do egípcio" e que os caracteres ainda não traduzidos eram autênticos sendo eles "caldeus, assírios e arábicos". Anthon teria inclusive entregado uma declaração ao fazendeiro Harris atestando a sua autenticidade. Ao perguntar, porém, como Smith soubera que havia placas de ouro enterradas e ouvir que um anjo havia-lhe revelado, tomou novamente o documento que havia entregado a Harris e o rasgou dizendo não haver mais 'ministério de anjos'.
Muito conveniente, não acham? Assim ninguém poderia averiguar objetivamente se o professor Anthon teria de fato validado o LM...
Refutação histórica: O problema é que o professor Charles Anthon nunca disse o que a PGV afirma que ele falou. Quando soube dessa história de que o erudito havia aprovado a tal 'tradução' de Smith, o Sr. E.D. Howe tratou de escrever para Anthon perguntado se o que os mórmons estavam afirmando era verdade. Howe foi contemporâneo de Joseph Smith e procedeu a uma extensa e exaustiva pesquisa sobre as origens do mormonismo. Segundo Walter Martin, os mórmons nunca conseguiram refutar Howe e por essa causa o temiam e o detestavam. Passo a reproduzir na íntegra a carta do professor Anthon a Howe, abaixo:




Nova york, 17 de fevereiro de 1834


Sr. E.D. Howe


Painseville, Ohio

             Prezado Senhor:
Recebi hoje de manhã sua correspondência de 9 do corrente, e sem perda de tempo passo a respondê-la. Essa história de que eu teria dito que a inscrição dos mórmons estaria em "hieróglifos do egípcio reformado" é totalmente falsa. Alguns anos atrás, fui procurado por um lavrador, pessoa de aparência muito simples e humilde. Trazia-me um bilhete do Dr. Mitchell, de nossa cidade, hoje já falecido, no qual ele me pedia que tentasse decifrar, se pudesse, um papel que o homem me entregaria, e que ele não pudera entender. Assim que examinei o tal papel, percebi que se tratava de uma brincadeira ou talvez de uma farsa. Quando perguntei ao homem que me entregara o papel onde o arranjara, ele, segundo me recordo, contou-me o seguinte: alguém encontrara no norte de Nova Iorque um "livro de ouro" que consistia de algumas placas de ouro, reunidas mais ou menos no formato de um livro, atadas com um arame do mesmo metal. Juntamente com o livro, ele encontrara um par de "óculos de ouro"!. Esses óculos eram tão grandes que se tentássemos colocá-los no rosto os dois olhos caberiam numa lente só. Eles eram largos demais para o rosto humano. E quem olhasse para as placas de ouro com aqueles óculos não apenas conseguiria ler seus caracteres, mas também entenderia o significado deles. E tudo isso se achava em mão apenas de um rapaz, que possuía um baú no qual estavam guardados o livro e os óculos. Esse jovem ficava encerrado dentro de um quarto do sótão de uma casa, oculto por uma cortina. E era assim, sem ser visto por ninguém, que ele colocava os óculos, ou melhor, colocava uma das lentes no rosto, decifrava os caracteres impressos no livro, escrevia-os num pedaço de papel, e depois entregava as folhas para outra pessoa do outro lado da cortina. Mas não disse nada no sentido de que ele decifrava os caracteres "por um dom de Deus". Tudo era feito com os tais óculos grandes. Esse lavrador me disse também que desse uma contribuição em dinheiro para a publicação desse "livro dourado", pois ele causaria uma profunda transformação no mundo, salvando-o da destruição. O pedidos tinham sido feitos com tal veemência que ele estava pensando em vender seu sítio e entregar o dinheiro apurado para as pessoas que estavam desejando publicar o livro. Mas como última precaução, decidira vir a Nova Iorque para consultar a opinião de pessoas mais esclarecidas sobre o significado das palavras que estavam no papel que ele trouxera consigo, e que seria uma cópia do conteúdo do livro, embora até aquele momento o rapaz que tinha os tais óculos ainda não tivesse lhe dado a tradução dele. Ao ouvir esse estranho relato, mudei minha opinião a respeito do papel. Em vez de achar que se tratava de uma peça que alguém desejava pregar em eruditos, comecei a achar que era parte de um plano para tirar dinheiro do lavrador. Falei-lhe sobre minhas suspeitas, e aconselhei-o a ter muito cuidado com esses aproveitadores. Então ele me pediu que desse a minha opinião por escrito, o que, naturalmente, me recusei a fazer. Então o homem foi embora levando consigo a folha de papel. Esse papel, aliás, continha uma escrita muito estranha. Consistia de várias letras tortas, dispostas em colunas que pareciam ter sido copiadas de um livro no qual havia diversos tipos de alfabeto. Eram letras gregas e hebraicas, cruzes e semicírculos, caracteres romanos escritos de cabeça para baixo ou de lado, todos dispostos em colunas perpendiculares, ao fim das quais via-se uma espécie de círculo dividido em vários compartimentos dentro dos quais havia mais caracteres estranhos, que obviamente tinham sido copiados do calendário mexicano apresentado por Humboldt, mas disfarçados de tal maneira que não se pudesse identificar sua procedência. Eu estou dando esses detalhes sobre o tal papel porque, desde que teve início essa febre mórmon, tenho conversado muito com meus amigos sobre o assunto, e eu recordo bem que a folha tinha tudo menos "hieróglifos egípcios". Algum tempo aquele mesmo homem me fez outra visita. Trouxe um exemplar do livro dourado já impresso, querendo vendê-lo a mim. Eu não quis. Então pediu permissão para deixar o exemplar comigo para que eu o examinasse. Recusei também, embora ele insistisse bastante. Adverti-o mais uma vez, dizendo-lhe que em minha opinião ele fora vítima de um engodo. Perguntei-lhe o que acontecera com as placas de ouro. Informou-me que se achavam guardadas num baú, juntamente com os óculos grandes. Aconselhei-o a procurar um juiz e mandar abrir o baú. Respondeu-me que se fizesse isso traria sobre si a "maldição divina". Mas como eu insistisse em que fizesse o que eu lhe recomendara, respondeu-me que abriria o baú se eu aceitasse que a "maldição divina" recaísse sobre mim. Repliquei que aceitava de bom grado e que incorreria em qualquer risco desse tipo, desde que pudesse libertá-lo das garras desses trapaceiros. Em seguida ele foi embora. Esse é então o relato de tudo que eu sei com relação à origem do Mormonismo. Gostaria de pedir-lhe que me fizesse o grande favor de publicar esta carta imediatamente, no caso de ver meu nome associado com esses terríveis fanáticos.
                                                                                          Respeitosamente,

                                                                                  Charles Anthon,LL.D.

 Universidade de Colúmbia

Refutação teológica: Isaías se referia não mais que à visão espiritual de Judá naqueles momentos que antecediam ao cativeiro babilônico. É só dar uma conferida no versículo 10 que diz "Porque o SENHOR derramou sobre vós um espírito de profundo sono e fechou os vossos olhos, os profetas, e vendou os vossos líderes, os videntes".
  • "Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros. 
    E ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem uma só vara na tua mão. 
    E quando te falarem os filhos do teu povo, dizendo: Porventura não nos declararás o que significam estas coisas? 
    Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu tomarei a vara de José que esteve na mão de Efraim, e a das tribos de Israel, suas companheiras, e as ajuntarei à vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão". (Ez 37.16-19).
Distorção mórmon: Os 'conceituados' exegetas mórmons praticando mais uma vez o extermínio do contexto, alegam que o primeiro pedaço de madeira representado a vara de Judá é a Bíblia, e o segundo representando a vara de Efraim é o Livro de Mórmon os quais juntos constituem uma só e a mesma revelação procedentes do mesmo Deus.
Refutação: Todo bom estudante da teologia bíblica e histórica sabe que o capítulo 37 de Ezequiel trata da restauração espiritual e política de Israel. Os versículos 1 a 14 falam da restauração espiritual simbolizada no vale de ossos secos. Já os versos 16 a 22 falam da restauração política. A vara de Judá faz referência ao Reino do Sul cuja capital era Jerusalém e ficou conhecido por Reino de Judá. A vara de Efraim é nada mais que o Reino do Norte, cuja a capital era Samaria e ficou conhecido por Reino de Efraim ou Israel. Até o reinado de Salomão ambos constituíram um só reino, mas devido à sua poligamia e consequente idolatria (1 Rs 11.1-13; 30,31), Deus dividiu os israelitas dando dez tribos a Jeroboão (um servo de Salomão) e reservando apenas duas tribos a Roboão (seu filho e sucessor natural). Ezequiel está simplesmente profetizando a reunião dos dois reinos para um futuro escatológico. Isso está absolutamente claro no versículo 22, o qual diz: "E deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos".
Assim, a interpretação forçosa dos mórmons não tem fundamento bíblico, histórico ou profético se considerarmos o contexto. Além do mais, Ezequiel não utiliza o termo "rolo" (o que seria mais coerente se estivesse tratando de livros ou escrituras), mas "vara", o mesmo que "galho" ou "ramo". Os pedaços de madeira são um método áudio-visual para simbolizar o contexto de reunião da profecia.

  • "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor" (Jo 10.16).
Distorção mórmon: As 'outras ovelhas' da casa de Israel seriam os nefitas os quais teriam sido visitados pessoalmente pelo Senhor Jesus após a Sua ressurreição. No entanto, por extensão, elas incluem os lamanitas (os índios), bem como as 10 tribos perdidas dos israelitas da Palestina as quais o mormonismo alega ter por missão restaurá-las.
Refutação: Não há nenhuma razão para não acreditarmos que as 'outras ovelhas' não sejam os povos não-judeus, isto é, os gentios. Os mórmons sofismam dizendo que como Jesus não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 15.24), logo essas 'outras ovelhas' não são os gentios, mas um ramo da casa de José que imigrou para o Novo Mundo. Dizem também que os gentios foram evangelizados pelos apóstolos e não por Jesus. Ora, nenhuma igreja cristã autêntica discorda que Jesus tenha limitado o Seu ministério pessoal aos judeus, afinal, Ele "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1.11). Todavia, inculcar que os nefitas do LM são as 'outras ovelhas' é um exercício dispendioso de credulidade e estultícia, afinal, a estória do LM não passa de ficção e teríamos que crer desde a suposta visão de Joseph Smith - o que já vimos, não passa de uma grande comédia. A missão de 'agregar as outras ovelhas' já estava profetizada nas Escrituras desde 700 anos antes de Cristo: "Fui buscado dos que não perguntavam por mim;  fui achado daqueles que não me buscavam: a um povo que não se chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui" (Is 65.1). Agora, se ainda resta alguma dúvida de que 'as outras ovelhas' são mesmo os não-judeus, o próprio Jesus tem a resposta "Portanto ide, ensinai todas as nações... Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado..." (Mt 28.19,20). Perguntaríamos: uma vez que Jesus mandou ensiná-las guardando todas as coisas que Ele mandara e essas nações ainda estavam por ser alcançadas, quem agregou-as: Jesus ou Seus apóstolos?...

  • "E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo" (Ap 14.6).
Distorção mórmon: O mormonismo - claro - assegura a seus seguidores e a todos que queiram dar-lhe ouvidos que essa passagem teve o seu cumprimento em 1823 quando o anjo Moroni revelou a Smith a existência das placas de ouro as quais vieram a constituir o LM.
Refutação: Há uma série de problemas com essa interpretação:

  1. Se esse anjo que voa pelo meio do céu chama-se Moroni, quem são e quais os nomes dos outros seis anjos, pelo menos, que surgem após esse primeiro anjo?
  2. Se ele é portador da plenitude do Evangelho que um dia foi retirado da terra, por que é 'eterno'? (eterno é algo imperecível que o tempo e as circunstâncias não conseguem definhar)
  3. Se a passagem diz que o anjo mesmo proclama-o a toda nação, tribo, língua e povo, por que o mormonismo se diz o portador exclusivo dessa mensagem e o faz até hoje em dia por meio de seus 'missionários'?
  4. A passagem em xeque não diz que o anjo voa com um rolo de escrituras ou com placas de ouro;
  5. O termo grego euangelion nunca diz respeito na Bíblia a um livro, mas sim ao conteúdo de uma mensagem;
  6. O contexto do capítulo 14 de Apocalipse, bem como desde o capítulo 6 ao 20 é de juízo e não de salvação;
  7. O conteúdo desse 'evangelho eterno' vem no versículo seguinte o qual diz: "Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora DO SEU JUÍZO. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas".
E não adianta os apologistas mórmons sofismarem dizendo que ao anunciar o seu evangelho com o auxílio do LM estão simultaneamente anunciando o juízo vindouro. Os anjos no Apocalipse são sempre mensageiros de juízo! Assim encerramos esse assunto lendário sobre a Bíblia profetizar o LM. Os 66 livros canônicos simplesmente desconhecem as escrituras sagradas mórmons.
IV- A IGREJA DE CRISTO É UMA HIERARQUIA COMPOSTA DE APÓSTOLOS E PROFETAS?
Já vimos na introdução deste artigo o que é a Igreja do ponto de vista bíblico. Entretanto, para justificarem a sua propalada superioridade 'por possuírem um evangelho pleno', com todas 'as verdades restauradas por intermédio de Joseph Smith', os mórmons apontam para Ef 4.11 para se vangloriarem que somente a sua igreja possui apóstolos e profetas e que isso prova biblicamente que eles são 'a única e verdadeira igreja de Cristo na terra'. A passagem referida diz "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores...".
Veja que o texto simplesmente descreve os dons ministeriais (v.v. 8 e 12) dados por Cristo a Sua Igreja sem qualquer pretensão de formalizar uma hierarquia. Se isso é uma hierarquia governante, cadê os bispos e os diáconos? Aliás, bispos e diáconos constituem os únicos ofícios para a administração interna da Igreja (1 Tm 3.1-12). Nesta passagem há prescrições específicas para o episcopado e o diaconato. Não há, entretanto, nenhum texto neotestamentário dizendo algo do tipo "o apóstolo precisa ser..." ou "o profeta tem de...". A verdade é que a Igreja de Cristo está edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas sendo Ele mesmo a pedra principal (Ef 2.20). Os profetas aqui referidos são os profetas do Antigo Testamento os quais anunciaram a vinda de Cristo. Os apóstolos, por sua vez, constituem a disseminação e a explicação dessa vinda. Já os profetas citados em 4.11 são funcionais e constituem os agraciados por esse dom ministerial. Este dom não é para todos os crentes. 
Em seu afã de 'provar' o seu desvario doutrinário, os 'missionários' mórmons citam as figuras de Ágabo (At 11.28; 21.10-13), Judas e Silas (At 15.32) como referência de que profetas constituem cargos inerentes a uma hierarquia eclesiástica. Só que não!
Enquanto os pseudo-profetas mórmons constituem autoridade doutrinária, as profecias de Ágabo têm conteúdo apenas emergencial ou ocasional (casos da fome em Jerusalém no tempo do imperador Cláudio, em 48 d.C., e da prisão de Paulo em Jerusalém, em 57 d.C.). Neste último episódio vemos inclusive o apóstolo considerando os vaticínios do profeta Ágabo, mas sem isso constituir direção para ele no sentido de não ir a Jerusalém. Já no caso de Judas e Silas, os vemos apenas exortando (encorajando) a Igreja a observar as resoluções do Concílio de Jerusalém sem eles mesmos terem qualquer proeminência doutrinária. Sendo assim, profetas no NT não constituem nem uma hierarquia nem autoridade doutrinária. No caso, Ágabo, Judas e Silas são possuidores do dom ministerial de profeta, os quais estavam subordinados à autoridade dos apóstolos. Se o mormonismo deseja levar ao pé da letra uma passagem apenas descritiva, então a sua hierarquia teria de conter profetisas também (At 21.9). Curioso é que a hierarquia mórmon traz primeiro o profeta, mas se Ef 4.11 fosse mesmo uma hierarquia eles estariam infringindo-a já que 1 Co 12.28 diz "primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas...". Neste caso, Paulo está enunciando a escala decrescente de relevância desses ministérios na Igreja. Mas o fato da igreja primitiva possuir o dom de profeta e o dom de profecia - caso das filhas de Filipe/1 Co 14.1, 4-6,22,24,29-32) indicaria que ela deve tê-los em todos as épocas de sua existência?
Ao contrário do que ensina o mormonismo, os profetas não desapareceram após a era apostólica por um processo de apostasia, mas após o fechamento do cânon do NT. Isso é facilmente perscrutável ao considerarmos que mais ou menos na metade do I século não havia ainda um cânon completo do NT e muitas igrejas sequer tinham uma cópia das cartas apostólicas. Daí a necessidade de a Igreja primitiva ser então provida de profetas, em geral, apenas para exortar e confirmar os discípulos na doutrina ensinada pelos apóstolos. Com o fechamento do cânon por volta do ano 100 d. C. e a disseminação da doutrina apostólica por meio da circulação de cópias, essa necessidade deixou de existir e os profetas desapareceram. Interessante frisar também que os profetas mediadores - os quais recebiam as mensagens de Deus para o povo (1 Sm 3.20; 8.22) e levavam a Deus os desejos do povo (1 Sm 8.21; 9.6, 9, 18-20) duraram somente até João Batista (Lc 16.16). E os apóstolos?
O mormonismo segue uma linha mais ou menos parecida com o catolicismo, o qual advoga que a 'marca' da verdadeira igreja é a sucessão apostólica linear e ininterrupta. Porém isso é outro desvario de Smith e de seus discípulos.

O texto preferido dos 'missionários' mórmons para sofismar é o de At 1.16-26 no qual a Igreja pela direção de Deus elege Matias para o lugar de Judas Iscariotes. Contudo, o verso 22b expressa a condição sine qua non para se estar vocacionado para o apostolado. Era a de que "um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição"Os 'apóstolos' mórmons não viram Cristo ressuscitado e mesmo que digam que O viram, a condição acima diz respeito aos fatos inerentes à época do ministério terreno de Nosso Salvador (v.v. 21 e 22)Por conseguinte, os 'apóstolos' mórmons se enquadram muito mais na categoria dos falsos apóstolos (1 Co 11.13; Ap 2.2) do que na de apóstolos de Cristo. Mas, e Paulo? Não foi apóstolo de Cristo além dos 12?
Isso não prova a sucessão apostólica, pois além dele o NT não mais registra o chamado de nenhum homem ao ofício. Prova sim a soberania de Deus
 (Is 43.3b) que faz o que quer e como quer. No grego, o termo apostellein significa "aquele que é enviado em missão especial, mensageiro ou embaixador". No NT o apóstolo é sobretudo um desbravador, um iniciador da obra evangelística onde não há Evangelho nem Igreja. Nesse sentido é que Paulo foi comissionado apóstolo (Gl 1.1)Foi chamado por Deus e não pelo homem (como o foram os falsos apóstolos mórmons) para levar o nome de Jesus aos gentios (v.v. 16)
Destarte, a pretensão mórmon para exatamente numa investigação mais pormenorizada das Escrituras e não numa leitura superficial e descontextualizada. O ofício de apóstolo não é suscetível de sucessão depois da época primitiva da Igreja. A vocação apostólica se encerrou com o chamado de Paulo. Após ele o que vemos no NT é uma proliferação de apóstolos ilegítimos arrogando-se o título, exatamente como os 'apóstolos' do mormonismo.
Para encerrar esse assunto de apóstolos e profetas, lembro que quando fui 'missionário' aprendi uma técnica de persuasão que repetia em nossos trabalhos de proselitismo. Essa técnica consistia na pergunta capciosa ao nosso interlocutor: Deus muda? Claro que o desavisado vai responder que 'não'. Justamente o que os 'missionários' querem ouvir para então dizer que Deus nunca deixou de chamar profetas "porque Ele não muda". Aí eles citam
 Am 3.7 para comprovar que sua tese é totalmente bíblica. Só que não também!
Deus não muda em Sua essência
 (Sl 90.2; Tg 1.17b) - aliás, algo que contraria frontalmente a doutrina do deus-homem evoluído do mormonismo! Porém em Sua maneira de Se manifestar aos homens, Ele muda sim! Na dispensação do AT Ele falou (não fala mais) através de profetas; hoje, na dispensação da Igreja, Ele fala unicamente por intermédio do Filho (Hb 1.1)Quanto ao texto sem contexto (pra variar) de Amós que apresentávamos às nossas eventuais presas, ele se refere ao aviso ao Reino do Norte de que "Um inimigo surgirá [a Assíria], e cercará a tua terra, derribará a tua fortaleza, e os teus palácios serão saqueados" (v. 11; Ênfase entre colchetes por mim acrescentada).
V- OS MITOLÓGICOS SACERDÓCIOS MÓRMONS
Nenhuma autêntica igreja cristã alega 'possuir' o sacerdócio. Na verdade, a Igreja de Cristo não possui, mas É O SACERDÓCIO real (1 Pe 2.9), independente de hierarquia,  sexo, homem ou mulher, cada crente é um sacerdote, pois tem acesso direto à presença do Pai através de Jesus Cristo (Hb 10.19-22). Os mórmons, por sua vez, afirmam ser possuidores exclusivos dos sacerdócios de Arão e Melquisedeque - para eles, o poder e a autoridade delegados por Cristo à sua igreja. Quer dizer, enquanto o sacerdócio bíblico da Igreja é inclusivista, tem função meramente espiritual (1 Pe 2.5) tendo a sua aplicação prática apenas no sentido de ser o canal transmissor do Evangelho e de representar o povo de Deus na terra, os sacerdócios mórmons são uma espécie de governo teocrático da igreja sem o qual a mesma não pode subsistir. Tais sacerdócios no mormonismo são exclusivistas (só pertencem aos mórmons), são conferidos apenas aos homens e instrumentalizam o cerimonialismo mórmon já que a seita, é na verdade, um híbrido sincretismo de sacerdotalismo judaico, paganismo, espiritismo, conceitos teológicos e antropológicos semelhantes à Nova Era embrulhados sob a terminologia bíblica.
Quem desenvolveu a doutrina dos sacerdócios mórmons aparentemente desconhecia o sentido e a função do sacerdócio tanto na dispensação da Lei quanto na dispensação da Graça. Acabou criando uma semântica completamente estranha às páginas da Bíblia. Segundo esta, o sacerdote do AT era constituído para oferecer "dons e sacrifícios" (Hb 8.3). Isso quer dizer que antes da vinda de Cristo, o sacerdócio tinha a função básica de instrumentalizar o culto cerimonialista que tipificava a Pessoa e a Obra do Senhor Jesus (Hb 9.1-14).
Com a instituição da Lei de Moisés no Sinai, o sacerdócio no AT ficou restrito a Arão e seus descendentes naturais (Êx 28.1). Por isso também que o escritor aos hebreus diz que "ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus como Arão" (Hb 5.4). Os pseudo-missionários mórmons - treinados pelos seus CTMs - usam essa passagem para "queimar" pastores e crentes que lhes fazem oposição. Sabe aquela história da pessoa que conferiu os números da mega-sena e deu pulos de euforia porque acertou-os, mas descobre que a pessoa encarregada de efetuar o jogo não o fez? Pois é! Caso análogo se dá com os mórmons. Eles fazem barulho por algo que absolutamente não possuem...
O sacerdócio aarônico não pode lhes pertencer pelos seguintes motivos:
  1. Nenhum mórmon é parente consanguíneo de Arão (Hb 7.5); 
  2. Como se pode observar consultando esse texto acima todos os sacerdotes aarônicos provinham da Tribo de Levi, mas somente a descendência natural de Arão tinha direito ao sacerdócio (Nm 3.5-10);  
  3. Embora os mórmons se lancem a um exercício laborioso e interminável de levantamentos genealógicos (1 Tm 1.4), ainda que considerássemos a sua mitológica "bênção patriarcal" nem todos poderiam vir da Tribo de Levi; 
  4. O LM (Alma 10.3) afirma que Leí pertencia à Tribo de Manassés; 
  5. Outras escrituras mórmons (2 Néfi 3.7, neste caso aqui indiretamente) e declarações de presidentes como a de Joseph Fielding Smith afirmam que Joseph Smith era da Tribo de Efraim; 
  6. Ora, isso cria um grande embaraço bíblico (pois sacerdotes vinham da Tribo de Levi) bem como dentro da própria teologia mórmon, já que o mormonismo ensinou até 1978 que "uma só gota de sangue africano" impediria alguém de possuir o sacerdócio (Journal of Discourses, Vol. 7, pp. 290,291);
  7. Tanto Efraim quanto Manassés eram meio egípcios já que eram filhos de José com Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om a qual lhe foi dada pelo Faraó (Gn 41.45, 50-52);
  8. As próprias escrituras mórmons confirmam que sendo os egípcios de ascendência cananita (descendência de Caim) estavam impedidos de receber o sacerdócio devido à maldição divina que tornou a pele de Caim negra (Pérola de Grande Valor, Abraão 1.21-27);
  9. Mas aí pode aparecer algum pseudo-apologista mórmon dizendo que Azenate era hicsa, pois os hicsos - um povo semita - dominaram o Egito quando Jacó para lá foi. A verdade é que a história desmente uma possível afirmação dessa já que muito provavelmente desde o tempo de Abraão esse povo já tenha se fixado no Baixo Egito e naturalmente se misturado com eles até o tempo de José;
  10. Mesmo não acreditando em nenhuma das afirmações mórmons, entramos nesse mérito para expor as suas contradições e falsidades e principalmente por termos afirmado que eles não podem possuir o sacerdócio de Arão por não serem nem da Tribo de Levi nem descendentes diretos desse patriarca bíblico;
  11. Mas o principal motivo de nossa afirmação é o fato de que o sacerdócio levítico era transitório e imperfeito e somente teve sentido até a vinda do Senhor Jesus (Hb 7.11-14);
  12. Assim, o sacerdócio aarônico foi definitivamente substituído pelo sacerdócio de Cristo, que figurativamente é da ordem de Melquisedeque pela tipologia nele representada (Hb 7.2,15-21);
  13. O sacerdócio 'menor', como os mórmons denominam, é totalmente inócuo na dispensação da Igreja não tendo nela nenhuma utilidade ou função.
Mas eles dizem possuir também o sacerdócio de Melquisedeque, que na truncada teologia deles, é o mesmo sacerdócio de Cristo (o sacerdócio 'maior'). Felizmente a Bíblia os desmente de forma irrefutável pelas seguintes razões:
  1. O que o escritor aos hebreus faz desde Hb 5.6,10 e 6.20 é explicar aos cristãos de origem judia;
  2. Que embora Jesus tenha procedido de Judá (uma tribo não-sacerdotal), Ele foi constituído Sumo-Sacerdote pelo próprio Deus já desde a eternidade, ou seja, muito antes de qualquer sacerdote da linhagem levítica (Hb 7.11,14-17);
  3.  É a partir dessa verdade que ele faz uma analogia entre Cristo e Melquisedeque e entre os sacerdócios deste e daquele;
  4. Melquisedeque surge repentinamente na narrativa bíblica sem ninguém saber a sua procedência, mas sendo sacerdote muito antes de Levi nascer - de quem procedia a linhagem aarônica (Gn 14.18-20);
  5. Desse modo, ele é semelhante ao Filho de Deus que já na eternidade fora constituído Sacerdote antes de qualquer sacerdote aarônico (Hb 7.3);
  6. Na passagem acima o autor de Hebreus não quer dizer nem que Melquisedeque não tinha árvore genealógica ("sem pai, sem mãe") nem que ele não morreu, mas que isso não foi registrado;
  7. Assim, metaforicamente, Cristo também não tinha ascendência levítica para possuir o sacerdócio, mas ainda permanecia Sacerdote por ter vida imperecível;
  8. Por ser eterno, Cristo tem um Sacerdócio PERPÉTUO (Hb 7.24);
  9. O termo grego traduzido em português por "perpétuo" é aparabatos ("intransferível", "irrepassável");
  10. Desse modo, mórmon algum possui nem o Sacerdócio de Melquisedeque (pois ele morreu sacerdote sem repassá-lo a ninguém) e nem o Sacerdócio de Cristo, pois Ele não tem necessidade de repassá-lo, pois sendo Eterno pode oficiar para sempre no tabernáculo celestial (Hb 7.26-28).
Assim encerramos este artigo sobre uma das seitas pseudocristãs mais virulentas da cristandade, tendo consciência de que há muito mais coisas a serem exploradas em seu arcabouço doutrinário, mas não tivemos a pretensão de esgotá-las aqui até pela questão de espaço. Como disse, fui um deles há duas décadas atrás e conheço como poucos os seus ardis, estratégias, todos os textos bíblicos que distorcem para lograr êxito na mente dos crédulos e ignorantes. Sei que entre muitos deles reina um nível grandiloquente de pessoas sinceras e de um bom nível moral e social. No entanto, do ponto de vista religioso são pessoas absolutamente cegas espiritualmente. Alguns tendem facilmente ao fanatismo, pois o que aprendem e da forma que aprendem os torna vítimas da prepotência, da presunção e, em casos extremos, da intolerância quando alguém deixa o seu grupo e ousa despregar o que eles pregam.  Vimos que em assuntos bíblicos como apostasia, Igreja, apóstolos e profetas e o sacerdócio, eles precisam reinterpretá-los dando-lhes um sentido totalmente heterodoxo. Assim o mormonismo inteiro é um grande engodo, sendo palatável apenas a quem nunca se converteu ao genuíno Evangelho e jamais se aprofundou em suas Verdades inerentes.
Referências bibliográficas
Livros:
Rinaldi, Natanael; Romeiro, Paulo. Desmascarando as Seitas. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
Martin, Walter. O Império das Seitas, Vol. 2. Venda Nova: Betânia, 1992.
Obras mórmons:
O Livro de Mórmon
Doutrina & Convênios
Pérola de Grande Valor
Revistas:
Lições Bíblicas (Jovens e Adultos) - Verdades pentecostais: o evangelho de Cristo anunciado com poder. 1º Trimestre, 1998. Lição 6: O Dom de Profecia.
Textos bíblicos supracitados:
Bíblia Sagrada, Versão Almeida Revista e Corrigida: 1995
Bíblia Sagrada, Versão Almeida Corrigida e Fiel: 1994