A sutileza, engodo e o sectarismo anticristão da Sociedade Torre de Vigia (STV) já é de longa data conhecida por todos os estudantes de heresiologia e apologistas cristãos. Mas agora um discípulo de Fred Franz vem a público defender a Tradução do Novo Mundo (TNM), por meio de vídeos postados no you tube, a qual ele se jacta de classificar como "erudita e confiável". Trata-se de Pedro Calvache, ancião das TJs e seguidor das ideias heréticas de Russell e Rutherford.
Antes de mais nada, é preciso informar ao leitor que a TNM passou recentemente por uma revisão, em 2013, e em 2015 foi lançada a nova versão em português, com editoração moderna, mais recursos visuais, auxílios para o leitor, páginas em papel mais fino e sofisticado e capa e contracapa na cor prata, conforme a imagem abaixo:
Agora o veneno da STV não se chama mais "Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas", mas "Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada". Mas o que ela tem de novo, além das velhas heresias contrabandeadas desde o Brooklyn, em Nova York? O que ela tem de "erudição e confiabilidade" que tanto Calvache despende horas de vídeo na web tentando defendê-la? É o que iremos abordar aqui.
Na parte I desses vídeos relativos a tal assunto, o ancião russellita começa insinuando que nós evangélicos temos medo da sua TNM, pois em seus contatos com estes, notou que os mesmos costumam demonizar a sua "perversão das Escrituras" desencorajando, inclusive, a sua aquisição.
Olha, Calvache, possa ser que realmente tenha algum irmãozinho mais simples que tenha ojeriza a sua condecorada TNM, tanto como ao famoso livro de São Cipriano. Eu, de fato, não aconselharia a sua leitura a nenhum novo-convertido ou membro pouco aprofundado nas verdades da Bíblia. Fato é também, que da minha parte não tenho nenhum problema em possuí-la, pois possuo tanto a versão de 1960 quanto a atual.
Mas o referido ancião jeovaísta - como já é de praxe da sua horda - começa o seu libelo tentando minar a credibilidade da ARC (Almeida Revista e Corrigida) que, como admitido por ele mesmo - trata-se da versão da Bíblia mais amada e respeitada em língua portuguesa no Brasil.
Sabedor desse apreço do crente tupiniquim pela versão empreendida pelo ex-padre e, posteriormente, pastor português João Ferreira Annes d'Almeida no século XVII, Calvache esforça-se por detratar a versão (que embora tenha passado por tantas revisões) ajudou a tirar tanta gente das "trevas espirituais" em quase 400 anos no Brasil.
Lançando mão de passagens onde o texto clássico de Almeida aflora certos arcaísmos e expressões que já caíram em desuso, principalmente na linguagem falada, o doutor russellita empenha-se na tentativa de mostrar a "exatidão e atualidade" da TNM em comparação com a ARC. Vamos analisar algumas de suas detrações em prol da sua corrompida TNM:
- "E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus NARIZES o fôlego da vida..." (Gn 2.7).
- "E a mulher concebeu, e enviou, e fê-lo saber a Davi, e disse: PEJADA estou" (2 Sm 11.5).
- "E passado o NOJO, enviou Davi, e a recolheu em sua casa, e lhe foi por mulher, e ela lhe deu um filho..." (2 Sm 11.27).
- "...nem TORPEZAS, nem PARVOÍCES, nem CHOCARRICES, que não convêm; mas, antes, ações de graças." (Ef 5.4).
Poderíamos supracitar uma infinidade de outros textos os quais a ARC traz uma série de termos e expressões que o leitor moderno desconhece o significado. Contudo, nos atemos aos acima citados por Calvache, em sua tentativa de "contraindicar a ARC e indicar a sua TNM".
Primeiro, deve-se saber que a versão original de Almeida é produto do século XVII e foi traduzida por um português em português corrente de Portugal! Embora tenha passado por várias revisões (por isso, ARC, Almeida Revista e Corrigida), mesmo os eruditos mais conservadores, reconhecem que ela ainda é cerca de 98% fiel à Almeida original. O mesmo não se pode falar da ARA (Almeida Revista e Atualizada) e de todas as versões subsequentes.
É mais que natural então que a ARC contenha ARCAÍSMOS, linguagem e vocabulário nos quais palavras e expressões há muito caíram em desuso.
Em Gn 2.7, não há erro de tradução, pois antigamente a expressão "narizes" era sinônima de "narinas", o que pode ser comprovado pesquisando a passagem na Almeida de 1819.
O mesmo acontece com a expressão "nojo" que já teve um dia o significado de "luto" em 2 Sm 11.5.
Agora, o fato das (per)versões TJs da Bíblia trazerem a atualização desses termos indica que a TNM é superior às demais traduções e a única fiel aos originais?
A resposta é um absoluto NÃO!
A atualização da linguagem e vocabulário é, de fato, uma necessidade não só da Bíblia, mas de muitas outras obras literárias clássicas e de inestimável valor entre o público.
Isso, porém, nunca foi, não é, e nunca será o principal objetivo da cúpula da Torre de Vigia. O alvo primário da STV com a publicação da TNM e da nova TNM é inserir suas crenças arianas no texto das Escrituras Sagradas. E o pior: propagandeá-la como "erudita"! Sob a manipulação cultural e psicológica da cúpula da STV (o "escravo fiel e discreto"), as TJs tentam empurrar goela abaixo dos incautos e despreparados que a TNM é a "mais exata versão" da Bíblia, a "mais consoante" aos originais hebraico, aramaico e grego e abalizada pelos eruditos bíblicos.
Calvache chega a citar o erudito Bruce Metzger e o seu Comentário Textual do Novo Testamento para ensejar a confiabilidade da TNM.
Porém, como é característico do cinismo e da desonestidade intelectual da STV, Calvache não se preocupa em revelar que o dr. Metzger (falecido em 2007) era membro da Igreja Presbiteriana e cria na Trindade, por exemplo. Aliás, essa é uma faceta nefasta da STV: citar fora do contexto eruditos bíblicos cristãos já falecidos, como o que A Sentinela de 01 de novembro de 1995 fez com o dr. Joseph Henry Thayer.
Em outra parte deste artigo, mais a frente, enfatizarei mais especificamente a questão histórica da TNM, o que ela é afinal?, é obra de quem?
Agora, inicialmente, tentarei me deter mais nas questões levantadas por Calvache no vídeo acima.
Passagens conturbadas ou conveniências arianas?
"Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum" (Mt 17.21).
"E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana (...) E disse-lhes: Ide por todo mundo, pregai o evangelho a toda criatura (...) E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes..." (Mc 16.9-20).
"E cada um foi para a sua casa (...) E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério (...) E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais." (Jo 7.53; 8.1-11).
"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um." (1 Jo 5.7).
"Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas" (Ap 22.14).
Vamos pois, dissecar cada uma dessas passagens citadas por Calvache em seu vídeo e ver qual aplicação ou não elas têm para a teologia da STV:
Mt 17.21 - Aqui eu vou reproduzir parte do comentário do pastor João Flávio Martinez, do CACP (Centro Apologético Cristão de Pesquisas):
"Bem, em primeiro lugar não é pelo fato de que uma palavra ou texto não se encontra nos manuscritos gregos mais antigos (no caso aqui do NT) que tal texto deva ser rejeitado.
Quando fazemos uma tradução utilizamos todos os textos, de todas as épocas e de vários idiomas. Podemos encontra um texto em Árabe, por exemplo, mais antigo que um texto grego. Isso não significa que, embora o texto grego não contenha (nesse nosso exemplo) a tal palavra, que ele não seja parte do escopo original, pois se encontra no texto em Árabe. Sendo assim, todos os manuscritos devem ser usados para uma análise mais ampla e fidedigna do documento em estudo. O Novo Testamento tem aproximadamente: 5 mil manuscritos gregos, 10 mil manuscritos em latim e 9 mil em outros idiomas. Todo esse material é importante em uma tradução.
Em segundo lugar, a palavra Jejum estando ou não ali não faria diferença. Afinal, Jesus não está dizendo que, para a expulsão de certos tipos de demônios, era necessário um período de oração e jejum. O princípio no texto em lide é outro: onde há pouca fé, há pouca oração e jejum (Mt. 17.19,20). Onde há muita oração e jejum resultante da dedicação genuína a Deus e à sua Palavra, há abundância de fé. Se os discípulos estivessem vivendo uma fé viva de oração e jejum como Jesus ensinou e praticou (veja a vida de Cristo), poderiam ter resolvido o caso."
Mc 16.9-20 - Aqui é verdade que eruditos como Bruce Metzger posicionava-se contrário ao epílogo mais longo de Marcos. Contudo, isso não quer dizer que os onze versículos em questão não sejam parte do texto inspirado. Pais da igreja como Justino Mártir (150 d.C.); Ticiano (175 d.C.); Irineu (180 d.C.) e Hipólito (200 d.C.) fazem menção a eles em seus escritos. Esses homens viveram 150 anos antes da composição do Códice Sinaítico e do Códice Vaticano, MSS que os que não aceitam a conclusão longa citam por se tratarem dos documentos mais antigos em grego e não contêm os 11 versículos em xeque. Versões em outras línguas como a Peshita (do ano 150 d.C., a mais antiga em outro idioma, que não o grego) os trazem. Algo relevante é que nunca se apresentou uma solução conclusiva para o súbito desfecho de Marcos no versículo 8.
Jo 7.53;8.1-11 - Conhecida em estudos acadêmicos de crítica textual como a "Perícope da Mulher Adúltera", essa passagem em quase nada contraria a teologia ariana da STV (a não ser o fato de que nela a plena divindade de Cristo está implícita, pois Ele perdoa pecados, coisa que só Deus pode fazer). O que na verdade Calvache quer assegurar citando essa celeuma erudita é o "direito" da STV a retalhar o capítulo 5 de 1 João, versículo 7, porque isso convém a sua heresia ariana.
1 Jo 5.7 - Esta passagem é o Comma Johanneum ou Cláusula Joanina. Aqui o interesse de Calvache e de sua seita herética é evidente. Precisamos reforçar aqui para que fique absolutamente claro ao leitor: a STV - como abordarei em outra parte deste artigo - não possui nem possuiu membro algum com formação erudita e versado nos idiomas originais da Bíblia! O próprio fundador da Torre de Vigia, Charles Russell, não tinha qualquer formação acadêmica nem conhecimento de hebraico ou grego.
Então, toda citação e toda referência citada pelas TJs como apoio à TNM será simplesmente "um erro copiando outros erros".
Para começar, todos os eruditos que se opõem ao versículo 7 de 1 João 5 classificando-o como um acréscimo posterior foram influenciados por Westcott e Hort (veja a imagem deles abaixo), os quais no século XIX - portanto, relativamente recente - formularam a teoria de que todos os MSS que vieram a partir do século IX da Era Cristã não eram confiáveis. Segundo eles, esses MSS teriam tido uma propensão maior de adulteração por parte de copistas que queriam inserir no Texto Sagrado as suas inclinações doutrinárias e teológicas.
Em 1881, os dois eruditos britânicos acima publicaram o seu Novo Testamento No Original Grego (The New Testament In The Original Greek, em inglês). Essa obra em conjunto com a teoria que desenvolveram afastava-se de toda a larga tradição da igreja cristã (em especial a protestante) que desde a Reforma adotara a coletânea de MSS publicada por Erasmo de Roterdã, em 1516. Essa coletânea de MSS publicada por Erasmo ficou conhecida na história por Texto Receptus, Texto Recebido, Texto Majoritário, Texto Tradicional ou Texto Bizantino e tinha como base uma abundância de MSS, que apesar de recentes (são do século VIII as cópias mais antigas) tinham a singularidade de quase não possuírem divergência entre si.
Jo 7.53;8.1-11 - Conhecida em estudos acadêmicos de crítica textual como a "Perícope da Mulher Adúltera", essa passagem em quase nada contraria a teologia ariana da STV (a não ser o fato de que nela a plena divindade de Cristo está implícita, pois Ele perdoa pecados, coisa que só Deus pode fazer). O que na verdade Calvache quer assegurar citando essa celeuma erudita é o "direito" da STV a retalhar o capítulo 5 de 1 João, versículo 7, porque isso convém a sua heresia ariana.
1 Jo 5.7 - Esta passagem é o Comma Johanneum ou Cláusula Joanina. Aqui o interesse de Calvache e de sua seita herética é evidente. Precisamos reforçar aqui para que fique absolutamente claro ao leitor: a STV - como abordarei em outra parte deste artigo - não possui nem possuiu membro algum com formação erudita e versado nos idiomas originais da Bíblia! O próprio fundador da Torre de Vigia, Charles Russell, não tinha qualquer formação acadêmica nem conhecimento de hebraico ou grego.
Então, toda citação e toda referência citada pelas TJs como apoio à TNM será simplesmente "um erro copiando outros erros".
Para começar, todos os eruditos que se opõem ao versículo 7 de 1 João 5 classificando-o como um acréscimo posterior foram influenciados por Westcott e Hort (veja a imagem deles abaixo), os quais no século XIX - portanto, relativamente recente - formularam a teoria de que todos os MSS que vieram a partir do século IX da Era Cristã não eram confiáveis. Segundo eles, esses MSS teriam tido uma propensão maior de adulteração por parte de copistas que queriam inserir no Texto Sagrado as suas inclinações doutrinárias e teológicas.
Em 1881, os dois eruditos britânicos acima publicaram o seu Novo Testamento No Original Grego (The New Testament In The Original Greek, em inglês). Essa obra em conjunto com a teoria que desenvolveram afastava-se de toda a larga tradição da igreja cristã (em especial a protestante) que desde a Reforma adotara a coletânea de MSS publicada por Erasmo de Roterdã, em 1516. Essa coletânea de MSS publicada por Erasmo ficou conhecida na história por Texto Receptus, Texto Recebido, Texto Majoritário, Texto Tradicional ou Texto Bizantino e tinha como base uma abundância de MSS, que apesar de recentes (são do século VIII as cópias mais antigas) tinham a singularidade de quase não possuírem divergência entre si.
Por outro lado, Westcott e Hort apoiavam-se em MSS mais antigos (do IV século) que além de apenas dois (o Códice Sinaítico ou Álefe e o "B" ou Vaticano), apresentam mais de 14.800 alterações em comparação às cópias originais, segundo Tischendorf, o próprio descobridor do Códice Sinaítico).
O Texto Crítico de Westcott e Hort deu origem a versões mais recentes da Bíblia como a ARA (Almeida Revista e Atualizada), a NVI (Nova Versão Internacional), a BLH (Bíblia na Linguagem de Hoje), a BV (a Bíblia Viva), a NBLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje), a Bíblia Dake de Estudo, a Bíblia Shedd e... a TNM (Tradução do Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová).
Já o Texto Majoritário deu origem a todas as grandes versões da Bíblia na época da Reforma, como a de Willian Tyndale (1526); a de Lutero (1545); a de Genebra (1588); a King James ou Versão do Rei Tiago (também chamada Versão Autorizada, de 1611); a de Almeida (1681/1753) e suas herdeiras até 1894; a ACF (Almeida Corrigida e Fiel, 1995) e a Bíblia de Estudo Scofiel (baseada na ACF).
Mas, por que a "organização de Jeová", ou seja, a cúpula da STV, que diz ser "a verdadeira religião" e "o único canal de comunicação entre Jeová e a humanidade" foi beber nas fontes envenenadas de Westcott e Hort, quando - ainda que fossem liberais - eram cristãos não-jeovaístas e não apoiariam muitas das graves heresias russellitas?
Ora, em primeiro lugar porque eles apoiavam a ideia de que 1 Jo 5.7 é um acréscimo enxertado por algum copista trinitariano... E isso interessa diretamente a horda ariana da STV!
A STV é um camaleão sempre disposto a "mudar de cor" quando encontram algo ou alguém que defenda o que também lhes interessa teologicamente.
Foi assim (veremos em particular em outra parte deste artigo) que Frederick Franz (o 4º presidente da seita) aproveitou o texto interlinear grego-inglês de Benjamin Wilson (Emphatic Diaglott, o Diaglotão Enfático), publicado em 1865, para produzir o Novo Testamento da TNM - chamada por eles de Escrituras Gregas Cristãs.
Wilson, não era e nunca foi uma TJ, mas era adepto de um movimento chamado cristadelfianismo o qual negava a Trindade e traduziu Jo 1.1 como "a palavra era um deus", em inglês. Wilson, além de antitrinitariano, era apenas autodidata e igual a seu discípulo Charles Taze Russell (o pai das TJs) não tinha qualquer erudição nas línguas maternas da Bíblia. Como então Calvache pode ladrar dizendo que a TNM é "erudita e confiável"? Para isso precisamos fazer uma investigação pormenorizada das origens da adulterada bíblia das TJs. Mas isso discorreremos na parte II deste artigo.


