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| Representação das tábuas do Decálogo |
Quando você compra um medicamento na farmácia, ou por prescrição médica ou por automedicação, é do tipo que lê a bula ou confia piamente na prescrição sem querer saber as indicações, contraindicações, o modo correto de usá-lo e os efeitos colaterais? Pois é, se você é do tipo cauteloso, que lê a bula para buscar informações sobre o medicamento que irá usar, parabéns! Você dificilmente irá se intoxicar ou provocar alguma contrarreação danosa.
Semelhantemente, muita gente ao ler os Dez Mandamentos e perceber que o cristão não pode se omitir de cumpri-los, mesmo sob a Nova Aliança, tem se confundido pelo fato de entre eles estar o 4º mandamento do sábado.
Pois bem, para esses o sábado tem funcionado assim como aquela prescrição "médica" do seu amigo ou vizinho que por ter feito uso dele e ter tido resultados positivos, imagina que para você também funcionará, pois "é tiro e queda". Mas como bem bradou o profeta Oseias ao Reino do Norte:
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento" (Os 4.6a).
É verdade - e não somos cegos para não ver - que o sábado está ali e ninguém pode arrancá-lo de lá, pois uma vez registrado por Moisés, estará para sempre nos anais das Escrituras Sagradas. Entretanto, ler a passagem sobre o sábado no Decálogo e concluir que ele continua vigorando porque os demais nove mandamentos reaparecem no Novo Testamento é o mesmo que se automedicar sem dar uma lida pormenorizada na bula!
Crentes legítimos têm se embananado com isso; ainda mais quando têm algum parente ou conhecido adventista.
Os meios de comunicação adventista (principalmente a TV Novo Tempo) gastam horas e horas de sua programação tentando incutir na mente de todos - em especial na dos evangélicos pentecostais - as suas heresias soteriológicas e escatológicas.
Há por parte deles, assim, um proselitismo incansável que infelizmente não é combatido com o mesmo vigor: nem pelos líderes evangélicos nas igrejas nem por qualquer canal evangélico (que em geral, só se preocupa com a saúde espiritual - outros só a física e financeira - do crente e esquece da doutrina cristã).
O sábado do 4º mandamento é aquele remédio de domínio popular que quase todo mundo conhece e baseado na experiência alheia usa -o sem cautela. O primeiro grande tropeço dos que concluem que por estar entre nove outros que o cristão não pode em hipótese alguma ignorar, também é passível de ser observado, é a questão SINTÉTICA pela qual está prescrito ali. Os Dez Mandamentos são apenas um esboço, resumo ou síntese da Lei, mas não a Lei no seu todo.
A prova disso é que os mandamentos de:
- Amar a Deus sobre todas as coisas (Dt 6.5);
- E ao próximo como a si mesmo (Lv 19.18).
NÃO CONSTAM DO DECÁLOGO!
Não sendo o Decálogo completo:
- Todo o rebuliço que os adventistas fazem em torno dele é como convidar seus vizinhos e parentes para a sua festa de aniversário e não se prover de comes e bebes suficiente para servi-los;
- Eles assim o fazem (supervalorizam os Dez Mandamentos) não exatamente por exaltar o aspecto moral da Lei, mas por que o sábado ali está - e eles são SABADOPATAS, isto é, nutrem uma espécie de neurose coletiva a respeito da guarda do sétimo dia.
Mas já que eles se apegam tanto ao aspecto moral da Lei, interpretando erroneamente que o sábado é tão somente um mandamento moral, cabe usarmos as palavras de Jesus para eles quando nos acusam de "transgressores":
"Não julgueis para que não sejais julgados ... tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão" (Mt 7.1,5).
Interessante é que após nos indagar se podemos adorar outros deuses, fazer e adorar imagens, tomar o nome do Senhor em vão, desonrar nossos pais, matar, adulterar, furtar, dar falso testemunho e cobiçar as coisas alheias, eles usam para nós o texto de Tg 2.10 para insinuar que somos transgressores, "pois guardamos toda a lei e tropeçamos num ponto", o do 4º mandamento.
Agora, pergunte a eles se algum dia ouviram da boca de um evangélico suficientemente esclarecido a pretensão de "guardar toda a Lei"?
O único grupo "cristão" que arroga isso é eles próprios. Portanto, vejamos se de fato eles guardam o sábado ou se autoenquadram no texto que eles usam para nós.
1. No sétimo dia, israelita algum devia sair de casa (Êx 16.29,30);
- Por acaso, não sai o sabatista de casa aos sábados para ir à igreja? Lei é lei! E a Lei - que por sinal não é somente o Decálogo, mas todos os cinco livros de Moisés - dizia "cada um fique no seu lugar, que ninguém saia do seu lugar no sétimo dia".
2. No sábado era vedado ao povo acender fogo em suas casas (Êx 35.3).
- Será que mesmo cozinhando na sexta-feira, antes do por-do-sol, os sabatistas vão comer esse alimento frio, no sábado? Ou será que todos eles possuem micro-ondas? A Lei era severa e não fazia concessão! Ela dizia categoricamente: "Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia de sábado".
3. Se os discípulos de Ellen White - e nesse caso do sábado mais especificamente de Joseph Bates - desejam realmente guardar o sétimo dia, com todos os requisitos cerimoniais que o envolviam, têm que sacrificar dois cordeiros em holocausto, além de duas décimas de flor de farinha com azeite e sua libação (Nm 28.9,10).
- Será que estaríamos "pegando pesado" com a "Igreja Remanescente"? Essa é a Lei!
Assim, podemos comprovar por "a" mais "b" que o sábado do 4º mandamento não era somente um preceito moral, aleatório (o repouso físico apenas), mas um preceito cerimonial. O único dentre os dez pontos do Decálogo. Por isso, ele não se repete no Novo Testamento, ao contrário dos outros nove. Só ele era revestido de uma tipologia simbólica que se cumpre em Cristo (Mt 11.29; Hb 4.9,11). Assim, podemos dizer hoje, sob a Nova Aliança (Hb 8.6-13) que JESUS É O NOSSO SÁBADO OU ELE NOS INTRODUZ AO VERDADEIRO SÁBADO, que é não mais simplesmente o repouso físico, mas o repouso do fardo do pecado.
Os neolegalistas, entretanto, costumam sofismar dizendo que nós afirmamos que Cristo anulou a Lei. Aí eles citam Mt 5.17,18 para nos convencer que o Senhor veio, na verdade, cumprir e não anular, pois até que o céu e a Terra passem nenhum jota ou til se omitirá da Lei sem que tudo seja cumprido.
Todavia, nenhum evangélico verdadeiramente conhecedor das Escrituras afirmaria isso. De fato, Jesus veio cumprir integralmente os 613 pontos da Lei de Moisés (entre eles os Dez Mandamentos) e quando na Sua morte Ele disse "Está consumado" (Jo 19.30), pôde removê-la com todas as suas ordenanças que resultavam em nossa condenação (Cl 2.14). É por essa razão que Paulo escrevendo à igreja em Colossos, pôde dizer:
"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos SÁBADOS , que SÃO SOMBRAS das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo" (Cl 2.16,17, ênfase minha).
Embora os sabadopatas queiram negar que os sábados referidos acima não são os semanais, mas os anuais (não temos espaço neste artigo para entrarmos nessa questão), o fato é que o sábado não é prescrição para a Igreja, pois se tratava de um sinal do pacto celebrado entre Deus e Israel somente (Êx 31.13,17; Ez 20.12-13; 16,20).
Caso o sábado fosse obrigatório também para os cristãos, a Assembleia de Jerusalém não o teria omitido da pauta concernente aos mandamentos para os gentios (At 15.20,28). Também Paulo não deixaria a cargo da consciência de cada um o dia para se adorar a Deus (Rm 14.5). Bem como não chamaria a observância retrógrada da Lei - incluindo o sábado - de "rudimentos fracos e pobres" (Gl 4.9-11).
Mas para concluirmos, por que então os demais nove mandamentos reaparecem no Novo Testamento? Isso indica que todo o Decálogo continua a vigorar para o cristão, inclusive o sábado?
É porque mesmo não estando mais sob a Lei de Moisés (Gl 3.25), não somos foras-da-lei. Estamos sob a Lei de Cristo (Rm 10.4; Gl 6.2). Só que agora, na Nova Aliança, não cumprimos mais a Lei com esforço próprio para fugirmos da condenação, pela obrigatoriedade. Não é mais uma simples imposição legalista de fora para dentro, mas de dentro para fora. Cristo, pela Graça salvadora, implantou vida espiritual proveniente de Deus em nosso ser:
"Porque é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita NÃO COM TINTA [referência à Antiga Aliança], MAS COM O ESPÍRITO DO DEUS VIVO, NÃO EM TÁBUAS DE PEDRA, MAS NAS TÁBUAS DE CARNE DO CORAÇÃO" (2 Co 3.3, ênfase minha). A Lei dizia "faça e viva" (Ez 20.13a), mas Cristo diz "viva e faça" (2 Co 5.17). Assim que, o cristão, tendo vida espiritual deve naturalmente seguir o conselho de Paulo a Tito, que diz:
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século, sóbria, justa e piamente” (Tt 2.11,12 – ênfase minha).
Então, se desejamos viver neste mundo "sóbria, justa e piamente", iremos pela Graça salvadora e regeneradora cumprir todos os outros nove mandamentos do Decálogo, exceto, o sábado, esse é um rudimento "fraco e pobre" que deixamos para os adventistas!

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