Um auxílio à Igreja de Cristo na luta contra as heresias e os falsos mestres. "...e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos." (Jd 3b).
30 setembro 2017
Respostas Cristãs: A virgindade perpétua de Maria e a evidência histó...
Respostas Cristãs: A virgindade perpétua de Maria e a evidência histó...: A igreja romana ensina que a virgindade perpétua de Maria é um artigo de fé. Em outras palavras, quem nega esse dogma é um herege em...
08 setembro 2017
SOBRE HEBREUS 1.3 (RESPOSTA À PÁGINA TJ " O PUBLICADOR DO REINO"
"O Publicador do Reino", aceitei seu desafio de refutar seus argumentos sobre Hb 1.3, o qual diz na nova TNM: "Ele é o reflexo da glória de Deus e a representação exata do seu ser...".
Já na ARC, lemos:
"O qual sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa...".
Em primeiro lugar, custa-me crer que a STV (Sociedade Torre de Vigia), nascida dezessete séculos depois da gênese do cristianismo possa "reinventar a roda", ou seja, reinterpretar (a sua conveniência) a exegese bíblica. O verdadeiro pai das TJs, Russell, nunca teve formação teológica e essa característica foi herdada por todos os integrantes de sua horda - a elite dirigente do Brooklyn - de todas as épocas até hoje. Assim sendo, a pose de erudição da STV não passa de propaganda enganosa e o que ela tem feito em toda a sua trajetória é citar pseudos-eruditos como Benjamin Wilson (de quem adquiriu o Emphatic Diaglott) e Johannes Greber ou citar fora-de-contexto eruditos de fato como o Dr. William Barcley, J.R. Mantey ou J.H. Thayer. E assim a STV vai forjando a sua imagem de pesudo-erudição a fim de manter cativas a si a mente incauta de seus adeptos.
Bom, PR, você se ufana por nada menos de seis vezes dizendo que seu argumento é "irrefutável" e desafia a qualquer trinitário a fazê-lo com base no vídeo e no raciocínio lógico. Não se preocupe, vou refutá-lo como você deseja, com base na lógica e no argumento ontológico. Porém, aí está uma causa básica da derrocada ariana da STV e de sua teologia rota: querer compreender racionalmente a natureza essencial de Deus (Jó 36.26; 37.23; Is 55.9) como se pudéssemos ensinar a lei da gravitação universal a um mosquito... O próprio salmista estupefato com a onisciência e a onipresença de Deus, declara:
"Tal conhecimento está além da minha compreensão. É tão elevado que não posso alcançá-lo" (Sl 139.6/nova TNM).
Pergunto: o fato da onipresença e principalmente da eternidade de Deus (Sl 90.2) é plenamente concebível aos processos metafísicos da nossa razão? Ainda que treinada durante toda a nossa vida, nossa mente concebe totalmente o fato de um Ser não ter começo e nada vir antes dEle? Pare agora e comece a pensar nisso. Chega a ser angustiante. É como a agulha de um velho toca-discos que chega ao ponto aonde o vinil está arranhado e volta. Vai e volta...
Isso acontece porque nossa mente só consegue prescrutar o finito. Essa incapacidade de compreendermos totalmente o Eterno indica que devamos rejeitar a eternidade de Deus ou aceitá-la pela fé ? (Hb 11.1,6). Por que então o argumento lógico vale para rejeitar a Trindade e não vale para rejeitar os atributos incomunicáveis de Jeová?
Hebreus 1.3 prova sim a co-divindade de Cristo com o Pai
Provavelmente a anônima epístola (na verdade, um verdadeiro tratado teológico) aos hebreus seja o 2º livro do NT que mais deixe claro a plena divindade de Jesus só perdendo para o evangelho de João. De fato, a sentença "expressa imagem" vem do grego character que quer dizer numa primeira acepção "uma imagem cunhada numa moeda a partir de uma matriz", ou seja, uma impressão. Você cita o minidicionário Strong enfatizando a 4ª acepção "cópia exata" daí sustentando que sendo Jesus uma "cópia" do Pai, Ele não pode ser coeterno com Este visto que a cópia vem sempre depois da original e que Jesus é cópia do Pai, mas não o Pai a cópia do Filho e blá-blá-blá...
Entretanto, (mesmo que esse argumento seja vago e até certo ponto sacrílego para exemplificar a relação das Pessoas na Divindade trina) o que estabelece a importância e utilidade de uma cópia, por exemplo, dum impresso gráfico: o papel ou o conteúdo copiado? As milhares de literaturas da STV são originais ou cópias produzidas a partir de uma matriz? Têm elas menos valor porque não são as originais? O que importa não é se o conteúdo contendo a ideia original foi fidedignamente copiado? O que ouvimos num CD não é a cópia exata do registro de uma gravação numa matriz?
Pois o fato de Cristo ser uma "cópia exata" do Pai não O reduz a uma criatura nem a um Ser que traz consigo apenas "qualidade divina". Character fala de essência transmitida. O filho que possui o caráter de seu pai não é apenas parecido com ele, mas traz a mesma essência de seu pai. E é isto que o autor de Hebreus quer destacar: Jesus possui a natureza do Pai. Por isso, Cristo não é criatura, pois sendo da mesma essência divina não teve começo. Isto é: sempre coexistiu no Ser do Pai. Em outras palavras, Cristo foi gerado (não criado) na eternidade pelo Pai. Uma semente de trigo possui entre outros componentes Fósforo, Potássio, Cálcio, Manganês, Ferro, Cobre e Zinco e irá caracterizar toda espiga num campo de plantação da gramínea.
Como por você citado - mas pra variar, dentro de uma cadeia semântica ariana - Jesus é o Unigênito do Pai (Jo 1.18). A expressão monogenes significa no texto original grego "único do tipo ou gênero". Cristo é o único Filho literal de Deus, pois foi gerado diretamente pelo Pai. Ora, no exemplo acima vimos que os elementos essenciais da semente do trigo são transmitidos a toda espiga. Se Cristo procede do Pai, sendo que é o único do gênero, Ele é concomitantemente Deus com o Pai (Jo 1.1). Uma semente de trigo não faz crescer uma espiga de milho...
Se algo ou alguém procede literalmente de Deus que é eterno, logo é coeterno com Ele como um mais um são dois. Isso sim é argumento lógico! Vocês testemunhas de Ário costumam citar (fora-de-contexto, é claro) Pv 8.22-31 numa falsa concordância hermenêutica com 1 Co 1.24 para ladrar que Cristo é uma criatura, pois figurativamente a Sabedoria no livro de Provérbios é (ou pode ser) Cristo. Agora pergunto: poderia haver a possibilidade de, em alguma era na eternidade, Jeová estar sem a Sua sabedoria? Ou a Sua sabedoria é coeterna com Ele?...
Há o fato adicional de que Cristo é não somente a "expressa imagem" do Ser divino em forma humana (Jo 1.14,18; 14.9; Fp 2.6-8), mas o "reflexo da glória de Deus". "Reflexo" no grego é apaúgasma indicando que Jesus resplandece com o reflexo da própria "glória" do Pai. Desse modo, em Jesus a natureza essencial do Pai é revelada literalmente como um espelho solar reflete o brilho do sol e pode produzir energia. Não como a lua que apenas é iluminada pelo sol em sua metade e não é capaz de refleti-la na Terra para proveitos energéticos. Preciso dizer mais alguma coisa?...
Para encerrar, citar a Bíblia NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) como você fez não é uma boa alternativa para quem deseja demonstrar erudição. Entre no link a seguir e veja o porquê: http://respostaasseitas.blogspot.com.br/2017/06/a-origem-erudita-da-traducao-do-novo.html
Meu caro desavisado que se esconde por detrás dessa página russellita (como os articulistas das literaturas TJs ocultam seus nomes por medo de alguém investigar as suas "credenciais acadêmicas"), continue regurgitando do interior do seu ser essas asneiras teológicas aprendidas com a Torre de Vigia. É um direito seu. Saiba, porém, que a verdadeira Igreja (não organização) de Jesus está na Terra de prontidão para refutar seus desvarios e somente as mentes ignaras poderão lhes dar ouvido e crédito.
"E sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para podermos obter conhecimento daquele que é verdadeiro. E nós estamos em união com aquele ["em união com aquele" não existe nos originais] que é verdadeiro, por intermédio do seu Filho, Jesus Cristo. Esse [a tradução correta é "este"] é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5.20/nova TNM, Ênfase e colchetes por mim acrescentados).
Bom, PR, você se ufana por nada menos de seis vezes dizendo que seu argumento é "irrefutável" e desafia a qualquer trinitário a fazê-lo com base no vídeo e no raciocínio lógico. Não se preocupe, vou refutá-lo como você deseja, com base na lógica e no argumento ontológico. Porém, aí está uma causa básica da derrocada ariana da STV e de sua teologia rota: querer compreender racionalmente a natureza essencial de Deus (Jó 36.26; 37.23; Is 55.9) como se pudéssemos ensinar a lei da gravitação universal a um mosquito... O próprio salmista estupefato com a onisciência e a onipresença de Deus, declara:
"Tal conhecimento está além da minha compreensão. É tão elevado que não posso alcançá-lo" (Sl 139.6/nova TNM).
Pergunto: o fato da onipresença e principalmente da eternidade de Deus (Sl 90.2) é plenamente concebível aos processos metafísicos da nossa razão? Ainda que treinada durante toda a nossa vida, nossa mente concebe totalmente o fato de um Ser não ter começo e nada vir antes dEle? Pare agora e comece a pensar nisso. Chega a ser angustiante. É como a agulha de um velho toca-discos que chega ao ponto aonde o vinil está arranhado e volta. Vai e volta...
Isso acontece porque nossa mente só consegue prescrutar o finito. Essa incapacidade de compreendermos totalmente o Eterno indica que devamos rejeitar a eternidade de Deus ou aceitá-la pela fé ? (Hb 11.1,6). Por que então o argumento lógico vale para rejeitar a Trindade e não vale para rejeitar os atributos incomunicáveis de Jeová?
Hebreus 1.3 prova sim a co-divindade de Cristo com o Pai
Provavelmente a anônima epístola (na verdade, um verdadeiro tratado teológico) aos hebreus seja o 2º livro do NT que mais deixe claro a plena divindade de Jesus só perdendo para o evangelho de João. De fato, a sentença "expressa imagem" vem do grego character que quer dizer numa primeira acepção "uma imagem cunhada numa moeda a partir de uma matriz", ou seja, uma impressão. Você cita o minidicionário Strong enfatizando a 4ª acepção "cópia exata" daí sustentando que sendo Jesus uma "cópia" do Pai, Ele não pode ser coeterno com Este visto que a cópia vem sempre depois da original e que Jesus é cópia do Pai, mas não o Pai a cópia do Filho e blá-blá-blá...
Entretanto, (mesmo que esse argumento seja vago e até certo ponto sacrílego para exemplificar a relação das Pessoas na Divindade trina) o que estabelece a importância e utilidade de uma cópia, por exemplo, dum impresso gráfico: o papel ou o conteúdo copiado? As milhares de literaturas da STV são originais ou cópias produzidas a partir de uma matriz? Têm elas menos valor porque não são as originais? O que importa não é se o conteúdo contendo a ideia original foi fidedignamente copiado? O que ouvimos num CD não é a cópia exata do registro de uma gravação numa matriz?
Pois o fato de Cristo ser uma "cópia exata" do Pai não O reduz a uma criatura nem a um Ser que traz consigo apenas "qualidade divina". Character fala de essência transmitida. O filho que possui o caráter de seu pai não é apenas parecido com ele, mas traz a mesma essência de seu pai. E é isto que o autor de Hebreus quer destacar: Jesus possui a natureza do Pai. Por isso, Cristo não é criatura, pois sendo da mesma essência divina não teve começo. Isto é: sempre coexistiu no Ser do Pai. Em outras palavras, Cristo foi gerado (não criado) na eternidade pelo Pai. Uma semente de trigo possui entre outros componentes Fósforo, Potássio, Cálcio, Manganês, Ferro, Cobre e Zinco e irá caracterizar toda espiga num campo de plantação da gramínea.
Como por você citado - mas pra variar, dentro de uma cadeia semântica ariana - Jesus é o Unigênito do Pai (Jo 1.18). A expressão monogenes significa no texto original grego "único do tipo ou gênero". Cristo é o único Filho literal de Deus, pois foi gerado diretamente pelo Pai. Ora, no exemplo acima vimos que os elementos essenciais da semente do trigo são transmitidos a toda espiga. Se Cristo procede do Pai, sendo que é o único do gênero, Ele é concomitantemente Deus com o Pai (Jo 1.1). Uma semente de trigo não faz crescer uma espiga de milho...
Se algo ou alguém procede literalmente de Deus que é eterno, logo é coeterno com Ele como um mais um são dois. Isso sim é argumento lógico! Vocês testemunhas de Ário costumam citar (fora-de-contexto, é claro) Pv 8.22-31 numa falsa concordância hermenêutica com 1 Co 1.24 para ladrar que Cristo é uma criatura, pois figurativamente a Sabedoria no livro de Provérbios é (ou pode ser) Cristo. Agora pergunto: poderia haver a possibilidade de, em alguma era na eternidade, Jeová estar sem a Sua sabedoria? Ou a Sua sabedoria é coeterna com Ele?...
Há o fato adicional de que Cristo é não somente a "expressa imagem" do Ser divino em forma humana (Jo 1.14,18; 14.9; Fp 2.6-8), mas o "reflexo da glória de Deus". "Reflexo" no grego é apaúgasma indicando que Jesus resplandece com o reflexo da própria "glória" do Pai. Desse modo, em Jesus a natureza essencial do Pai é revelada literalmente como um espelho solar reflete o brilho do sol e pode produzir energia. Não como a lua que apenas é iluminada pelo sol em sua metade e não é capaz de refleti-la na Terra para proveitos energéticos. Preciso dizer mais alguma coisa?...
Para encerrar, citar a Bíblia NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) como você fez não é uma boa alternativa para quem deseja demonstrar erudição. Entre no link a seguir e veja o porquê: http://respostaasseitas.blogspot.com.br/2017/06/a-origem-erudita-da-traducao-do-novo.html
Meu caro desavisado que se esconde por detrás dessa página russellita (como os articulistas das literaturas TJs ocultam seus nomes por medo de alguém investigar as suas "credenciais acadêmicas"), continue regurgitando do interior do seu ser essas asneiras teológicas aprendidas com a Torre de Vigia. É um direito seu. Saiba, porém, que a verdadeira Igreja (não organização) de Jesus está na Terra de prontidão para refutar seus desvarios e somente as mentes ignaras poderão lhes dar ouvido e crédito.
"E sabemos que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para podermos obter conhecimento daquele que é verdadeiro. E nós estamos em união com aquele ["em união com aquele" não existe nos originais] que é verdadeiro, por intermédio do seu Filho, Jesus Cristo. Esse [a tradução correta é "este"] é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 Jo 5.20/nova TNM, Ênfase e colchetes por mim acrescentados).
02 setembro 2017
AZERÁ, A DEUSA MÃE, JUSTIFICA O POLITEÍSMO MÓRMON? (Resposta a Marcelo Moreira da Silva)
Meu caro xará, que o Deus triúno de infinita bondade e misericórdia, que é Deus eternamente (Sl 90.2) e não divide a Sua glória com ninguém (Is 42.8) Se revele a você - nem que seja no crepúsculo de sua vida. Como já lhe falei, há 26 anos deixei o mormonismo e o fato de ter conhecido as doutrinas distintivas desse grupo e a comparação com a ortodoxia cristã despertou em mim o desejo de me aprofundar na apologética cristã. Não me tornei apologista para simplesmente afrontar o mormonismo - embora tenha de fato precisado muito disso logo de imediato devido à insistência e presunção dos missionários mórmons. Era praticamente uma inquisição pelo fato de, com o meu testemunho, o Espírito Santo (Jo 16.8) ter resgatado alguns membros de lá. O chamado à apologética cristã tem na Bíblia o seu fundamento (1 Pe 3.15; Jd 3b) e quando se trata de defender a Verdade não se tem como alvo este ou aquele grupo, mas todos os grupos heterodoxos que não só se opõem ao cristianismo ortodoxo, mas reinterpretam a própria Bíblia forjando a história para inserir a sua pretensa exclusividade antagônica.
Nesses anos todos tenho visto os mais absurdos sofismas, mas o pior é a desonestidade intelectual que grupos como as testemunhas de Jeová, por exemplo, lançam mão para manter seus adeptos psicologicamente e socialmente escravizados à elite dirigente.
Esse pode não ser exatamente o seu caso, mas ainda assim, surpreende-me o fato de seu muito bom nível de instrução não o deixar perceber o absurdo grotesco das referências que usa para advogar a causa mórmon da "Mãe Celestial". Fico pensando se realmente os mórmons mais esclarecidos como você se levam realmente a sério ou nutrem o mínimo de autorrespeito ao anularem suas liberdades individuais de não raciocinarem fora das afirmações doutrinárias que lhe são impostas. A sua citação ao historiador e antropólogo húngaro-judeu Raphael Patai e à escritora metodista Margaret Barker é um acinte ao bom senso. Aliás, a obscura doutrina da "Mãe Celestial" ultrapassa inclusive o limite do absurdo. Ela é uma verdadeira carnificina teológica, indigna até mesmo da afirmação do mormonismo em ser "o autêntico cristianismo".
Você em uma de suas mensagens diz "você ficará surpreso ao ver referências a Asherah em sua própria Bíblia".
Ora, amado, há mais de duas décadas e meia estudo a área de heresiologia, tenho 50 anos e, portanto, não tenho conhecimento superficial dessa disciplina e muito menos da Bíblia. O que me deixa estupefato e não exatamente surpreso é alguém bem instruído beber tão facilmente - como disse num de nossos diálogos - em fontes envenenadas para 'provar' algo que a meritocracia cristã já autodesqualifica automaticamente. Mas isso é uma característica comum a todo grupo religioso heterodoxo: justificar um erro com outro erro. Parece até que a máxima de Maquiavel "os fins justificam os meios" cabe bem a todos eles. Mas vamos ao que realmente interessa!
Nesses anos todos tenho visto os mais absurdos sofismas, mas o pior é a desonestidade intelectual que grupos como as testemunhas de Jeová, por exemplo, lançam mão para manter seus adeptos psicologicamente e socialmente escravizados à elite dirigente.
Esse pode não ser exatamente o seu caso, mas ainda assim, surpreende-me o fato de seu muito bom nível de instrução não o deixar perceber o absurdo grotesco das referências que usa para advogar a causa mórmon da "Mãe Celestial". Fico pensando se realmente os mórmons mais esclarecidos como você se levam realmente a sério ou nutrem o mínimo de autorrespeito ao anularem suas liberdades individuais de não raciocinarem fora das afirmações doutrinárias que lhe são impostas. A sua citação ao historiador e antropólogo húngaro-judeu Raphael Patai e à escritora metodista Margaret Barker é um acinte ao bom senso. Aliás, a obscura doutrina da "Mãe Celestial" ultrapassa inclusive o limite do absurdo. Ela é uma verdadeira carnificina teológica, indigna até mesmo da afirmação do mormonismo em ser "o autêntico cristianismo".
Você em uma de suas mensagens diz "você ficará surpreso ao ver referências a Asherah em sua própria Bíblia".
Ora, amado, há mais de duas décadas e meia estudo a área de heresiologia, tenho 50 anos e, portanto, não tenho conhecimento superficial dessa disciplina e muito menos da Bíblia. O que me deixa estupefato e não exatamente surpreso é alguém bem instruído beber tão facilmente - como disse num de nossos diálogos - em fontes envenenadas para 'provar' algo que a meritocracia cristã já autodesqualifica automaticamente. Mas isso é uma característica comum a todo grupo religioso heterodoxo: justificar um erro com outro erro. Parece até que a máxima de Maquiavel "os fins justificam os meios" cabe bem a todos eles. Mas vamos ao que realmente interessa!
A Bíblia fala de Azerá, mas referenda o seu culto?
Segundo Hestrin (1991), Azerá é citada cerca de 40 vezes no Antigo Testamento. Muito provavelmente a primeira referência à deusa cananeia da fertilidade está em Dt 16.21,22. A Almeida Revista e Corrigida (ARC) traduz a expressão por "bosque de árvores", já a Almeida Revista e Atualizada (ARA) traz o termo "poste-ídolo", a Edição Pastoral católica "poste sagrado". Há muito que se sabe que esses postes-ídolos são a representação de Azerá. Isso significa que o culto a essa divindade feminina, consorte de Baal, é extremamente antigo. Vários pesquisadores, entre eles Mary Schultze, apontam a origem desse culto pagão às lendas que se desenvolveram em torno da morte do personagem bíblico Ninrode, o primeiro homem a construir uma civilização antiteocêntrica tendo ele mesmo como líder (Gn 10.8-11; 11.1-9).
De acordo com uma dessas lendas descritas na Enciclopédia Britânica, Ninrode morreu quando sua esposa e mãe, Semíramis estava grávida dele. Seus súditos-adoradores criaram a lenda de que ele havia se tornado o deus-sol, o senhor do universo. Em vida o despotismo de Ninrode não tinha limites, tanto que se casou com sua própria mãe. Esta deu à luz a Tamuz - este veio a ser adorado posteriormente como Moloque pelos amonitas (Lv 20.1-5) - insinuando sua mãe ser ele a reencarnação de Ninrode.
Segundo ainda mais especificamente a EB, Tamuz foi morto por um porco ou javali selvagem quando ainda moço. Semíramis e suas mulheres serviçais o choraram e jejuaram por ele durante 40 dias até que ele foi trazido de volta à vida. Isso teria sido uma demonstração do poder de sua mãe de tê-lo trazido de volta à vida. Ela então veio a ser adorada com o título de "rainha dos céus" por ser a esposa do deus-sol (mais tarde, Baal que quer dizer "meu senhor"). A crença pagã na "rainha dos céus" se espalhou a vários povos, com diferentes nomes. Chegou a Canaã sob o título de Azerá, mas entre os fenícios era conhecida como Astarte (Ashtar) ou Asterote. Grandes navegadores, o fenícios difundiram essa crença pelo mundo antigo.
Foi contra este culto idólatra que o profeta Jeremias protestou vigorosamente (Jr 7.18; 44.15-19, 23,25) pouco antes do cativeiro de Judá. Este culto chegou às culturas clássicas da Grécia e de Roma como Cibele e seu filho Deoius, base original do culto católico-romano à Virgem Maria. O fato de Jeremias se opor a ele é prova por si só que não se trata de revelação divina e que jamais a Bíblia o referendou. Então por que o mormonismo o cita para fundamentar a sua esdrúxula crença na "Mãe Celestial"? Teriam as descobertas arqueológicas de Raphael Patai e os escritos de Margaret Barker mais autoridade do que a Palavra de Deus para dizer que os mórmons têm razão em defenderem a sua crença supra-pagã?
O fermento enrustido do racionalismo e do liberalismo teológico na teologia
Não é preciso ser doutor, meu caro Marcelo, basta ter pelo menos o ensino fundamental completo, para se saber que a partir da segunda metade do século XIX, o racionalismo tendo o homem como a medida de todas as coisas (antropocentrismo) e não mais Deus, começou uma empreitada de explicar a origem de todas as coisas sem o apoio da revelação divina. Esta seria ultrapassada, a causa do atraso científico na Idade Média, fruto da ignorância e da superstição religiosa, segundo seus proponentes. Partindo dessa premissa ateia, começou-se a tentar expurgar da Bíblia toda referência ao sobrenatural. Tendo como paradigma investigativo o evolucionismo de Darwin, a Palavra de Deus passou a ser encarada apenas como um livro humano com algum valor histórico, mas enxertada com mitos e lendas religiosas usadas para referendar algum domínio espiritual ou social sobre os homens.
Enquanto estou escrevendo agora fico me autoquestionando por que estou perdendo tempo com essa baboseira da "Mãe Celestial", se a própria Bíblia se encarrega de refutá-la como crença eminentemente pagã. Mas talvez porque mórmons não conhecem-na e você no alto de sua estultícia me desafiou dizendo que eu me surpreenderia com as referências bíblicas sobre ela.
Bom, meu caro, essa mesma linha de raciocínio do racionalismo diz entre outras coisas que o relato do Gênesis não passa de uma lenda nacional de Israel, não-original e inspirada em outras lendas correlatas de outros povos. A própria crença em Iavé (ou Jeová) no AT é reinterpretada como um produto do IX século a.C. promovida para fundamentar a preponderância de um deus masculino e assim substanciar o patriarcalismo hebreu. Nesse caso, interpreta-se que Iavé era apenas um Deus nacional antes co-adorado como El ao lado de sua consorte Azerá.
Em linhas gerais, esse é o mesmo argumento de Raphael Patai, que embora judeu, era um apóstata e racionalista moderno. Ora, os achados arqueológicos de objetos que fazem referência à Azerá não provam que supostos "redatores finais" do AT tendenciavam suprimir o culto a uma deidade feminina para promover o culto exclusivo a Iavé. Antes provam a coerência da Bíblia com a História e a arqueologia. Agora, eu posso achar uma bagana de cigarro no pátio de minha casa suja de sangue e dizer que a pessoa que o fumou cortou a boca. Se eu for incoerente, taxativo e inflexível querendo endeusar a minha tese, procurarei obcecadamente provar a todos que o fumante cortou-se na boca. Mas, e se o foi nos dedos???...
Dados, meu amado, podem ser manipulados ao sabor daquilo que se intenta transmitir como informação - nesse caso de Patai, desinformação. E qual é o peso disso para quem é incauto? O peso intelectual. Patai era antropólogo e o pior: era judeu. Mas assim é o mito do evolucionismo também. Pseudo-cientistas PHDs em genética, arqueologia, paleontologia exercitando uma verdadeira "fé" numa seita ateísta - travestida de ciência - tentando reconstruir a tal da estória dos elos evolutivos do homem através de um dente de uma espécie de porcos extinta...
Isso não é ciência. É manipulação e desonestidade intelectual. As mesmas que levaram Patai a escrever A Deusa Hebraica. Aliás, Patai escreveu também (em coautoria com Robert Graves) Mitos Hebraicos: O Livro de Gênesis, de 1983. Destarte, Patai era judeu por herança, mas tudo menos religiosamente ortodoxo. E a vossa magnânima pusilanimidade sectária, Marcelo, com as garras de um leão faminto e sedento foi deglutir. Nada mais natural, porém, em se tratando de um mórmon.
Já Margaret Barker (que você intitula "evangélica", na verdade ela é metodista, uma igreja herdeira do protestantismo histórico), de corrente teológica liberal alucinógena, inventou a Teologia do Templo, uma tese que resumidamente vê no ritualismo judaico do Templo elementos místicos com tendência ao gnosticismo. Nada ortodoxo, não? Suas fontes além do AT hebraico, a Septuaginta, os pergaminhos do Mar Morto e o NT grego são os apócrifos judaicos e cristãos, os pseudepígrafos e, claro, os textos gnósticos. Mas como o mormonismo gosta de misturar as coisas (é um absurdo sincretismo de sacerdotalismo judaico, paganismo, kardecismo, maçonaria e elementos da Nova Era, etc.,embrulhados na terminologia cristã) suas teses devem bem servir para você. A propósito, o livro dela citado por você, A Mãe do Senhor, procura traçar a origem da mariolatria católica nas fontes do paganismo. Se o conceito de uma Deusa Mãe é claramente uma crença enraizadamente pagã (mesmo que Barker queira dizer que algum dia os judeus a tenham encarado como ortodoxa), naturalmente não é cristã e por fim, está descrita na Bíblia como o incesto, o adultério, a fornicação e a poligamia, mas não é doutrina bíblica.
"Mas temo que, assim como serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis" (2 Co 11.3,4).
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